Música

Artista e professor baiano, Marcos Marinho estreia arte-fato ‘Aura’

Artista e professor baiano, Marcos Marinho estreia arte-fato ‘Aura’
Foto: Filipe Rocha

Depois de recentemente lançar videoclipe para a faixa AKAI ITO, em esquenta para a divulgação desse projeto, Marcos Marinho entrega o seu primeiro disco solo. ‘Aura’, já disponível em todas as plataformas digitais, é música popular brasileira, completamente autoral, feita por um artista e professor baiano em busca de uma arte autêntica, capaz de expressar emoções reais e estabelecer uma comunicação sincera com o público.

“Esse é um registro criado por uma pessoa simples, da classe trabalhadora e que, sem muitos recursos artísticos e financeiros, buscou valorizar a autenticidade e a originalidade na sua produção. Nele, expresso sentimentos e visões de mundo críticos e autocríticos, conscientes das minhas contradições próprias”.

Composto por 8 faixas que nasceram de reflexões feitas com o violão no colo, álbum narra uma tentativa real de compreender a vida e seus altos e baixos emocionais, expondo – além de questões politicas e sociais – sensibilidade, memórias, angústia, verdades e amor fluindo em um jogo dialético frente ao que em geral é classificado como cultura regional ou universal. Nessa viagem, samba, blues, trap, reggae e uma seresta anticapitalista, cantada num flow típico de rap, se misturam.

Para essa construção, Marcos Marinho se inspira na obra de grandes artistas da música brasileira, como Gilberto Gil, Ponto de Equilíbrio, Aldir Blanc, Cássia Éller, Milton Nascimento e tantos outros, evidenciando a natureza eclética (e sincrética) do seu trabalho.

“Não considero AURA um disco criado para agradar eruditos ou colecionadores de música. É um disco feito para pessoas de diferentes contextos sociais e estilos de vida, onde me expresso de forma simples, de modo semelhante ao que ocorre nas músicas comerciais que cresci ouvindo no rádio de minha mãe. Isso é algo de que me orgulho muito em minhas músicas”.

Tendo isso em mente, ‘AURA’ nos convida para cuidarmos uns dos outros e olharmos para nós mesmos com mais carinho, indo contra tudo que nos obriga a trair quem somos, o que desejamos e o que sentimos.

“Há muitos anos, ainda na adolescência, me peguei mentindo sobre minha vida para algumas pessoas. Com o passar do tempo, percebi que isso decorria de muita insegurança frente a tantos julgamentos violentos e preconceituosos que forjam a nossa cultura racista e classista no Brasil. Mentir era um recurso inconsciente de proteção. Desde então, passei a lutar contra a influência dessas opressões, dessas formas de poder no meu comportamento e encontrei na música um lugar de expressão radical contra a dominação a que estamos submetidos. A arte, de modo geral, nos conduz à verdade. Precisamos explorar o seu valor filosófico e científico, para que essas composições deixem de ser a trilha sonora da nossa ruína e se converta numa ferramenta de conhecimento, cura, emancipação e liberdade. Julgo, também, ser fundamental que os artistas exponham as contradições que vivem para fazer arte, ao invés de participarem de modo conivente de uma dinâmica produtiva que nos faz competir e ostentar o que não temos e o que não somos em busca de uma mínima valorização do nosso trabalho. Artista não pode continuar sendo sinônimo de celebridade. Eu sou artista e professor, duas profissões desvalorizadas no Brasil. Mesmo assim, estou aqui e esse disco é um retrato da minha sobrevivência, existência e resistência”.