Ícone do cinema francês e símbolo de uma era, Brigitte Bardot morreu aos 91 anos sem deixar uma grande fortuna. Segundo o biógrafo Yves Bigot, quase tudo o que a atriz ganhou ao longo da carreira foi destinado à causa que marcou sua vida longe das telas: a proteção dos animais.
Em entrevista ao canal francês CNews, Bigot afirmou que Bardot se desfez da maior parte de seu patrimônio para financiar a Fundação Brigitte Bardot, criada por ela para o resgate e a defesa de animais. A instituição atua no acolhimento de cães, gatos, cavalos e bovinos, combate a caça esportiva, luta contra a produção de foie gras — iguaria feita a partir do fígado de ganso — e tenta impedir testes em animais na indústria cosmética.
Para manter os projetos da fundação, a atriz chegou a hipotecar a própria casa, a lendária La Madrague, em Saint-Tropez, um dos imóveis mais emblemáticos associados à sua imagem. Além disso, realizou leilões e bazares com objetos pessoais para arrecadar recursos.
Entre os itens vendidos estavam peças de forte valor afetivo, como o vestido de noiva e bijuterias — colares e pulseiras — compradas ou recebidas de presente durante o período em que viveu no Brasil, entre 1964 e 1965.
De acordo com Yves Bigot, o principal legado deixado ao único filho da atriz, Nicolas Charrier, hoje com 65 anos, não é material. “O que ela deixa é o legado”, afirmou o biógrafo, referindo-se ao impacto duradouro de sua militância em defesa dos animais.
A própria Brigitte Bardot já havia falado abertamente sobre sua relação com o dinheiro. Em uma entrevista concedida em 2006, ela declarou: “Eu vivo de uma forma extremamente simples. Eu não gosto de luxo, gosto de conforto. Riqueza me enoja.”
Assim, a mulher que foi uma das maiores estrelas do cinema mundial encerrou a vida fiel às suas convicções, transformando fama e fortuna em uma causa que considerava maior do que si mesma.