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Primeiro dia da “CCXP Worlds” é marcado pela diversidade e grandes estrelas dos quadrinhos

Por Leonardo Almeida |

Primeiro dia da “CCXP Worlds” é marcado pela diversidade e grandes estrelas dos quadrinhos
Imagem: Cortesia CCXP

Começou ontem a CCXP Worlds: A Journey of Hope”, primeira edição virtual do maior festival de cultura pop do planeta. Com mais de 150 horas de conteúdos inéditos, exibidos em uma plataforma desenvolvida para proporcionar aos fãs uma experiência nova, o evento deu o pontapé inicial na programação do Thunder Arena com um dos convidados mais aguardados desta edição: o quadrinista Neil Gaiman.

O palco principal da CCXP, que foi desenvolvido usando tecnologia Unreal, ainda recebeu a escritora Emil Ferris, o ator Jim Beaver e artistas da Globo como Lázaro Ramos e Taís Araujo, que falaram sobre questões raciais em um painel sobre o filme “Medidas Provisórias”. A diversidade também foi tema do Artists’ Valley, que recebeu Trina Robbins, a primeira mulher a desenhar quadrinhos da Mulher Maravilha – heroína que foi tema do Creators & Cosplay Universe, apresentado hoje por Lorelay Fox e Blogueirinha.

Neste primeiro dia de festival, o evento atingiu picos de 350 mil pessoas acompanhando simultaneamente o conteúdo da CCXP, o que reforça a potência do evento no meio digital e oportunidade de novos fãs estarem perto deste mundo extremamente presente no cotidiano. E o público pôde seguir ligado pela madrugada, já que pela primeira vez a Oi Game Arena teve programação até as 3h da madrugada.

Imagem: Cortesia CCXP

Em um cenário virtual – que lembra um anfiteatro construído na cratera aberta por um meteoro que
caiu no deserto – Marcelo Forlani comandou o papo com Neil Gaiman. O artista falou sobre uma de
suas principais criações, Sandman, personagem que fez milhares de pessoas ao redor do mundo se
apaixonarem pelos quadrinhos e que, em breve, ganhará uma série própria. O autor britânico contou
detalhes das gravações e deixou os fãs ainda mais ansiosos para o lançamento. “As gravações ainda
estão por volta de 1916. Ainda não chegamos em 2021, ou seja, ainda não há certeza se no nosso
mundo haverá ou não pandemia, mas podem ter certeza de que representaremos bem o mundo real”,
adiantou. O painel também exibiu imagens exclusivas de American Gods e, no fim, o entrevistado
mostrou todo seu carinho pelos brasileiros: “Eu amo o Brasil, já fui algumas vezes e em todas elas eu
fui muito bem recebido”, finalizou Neil.

Em seguida, Belle Felix entrevistou a escritora Emil Ferris, autora do HQ “Minha Coisa Favorita é
Monstro” e, na sequência, Jim Beaver, nome muito pedido pelos fãs da CCXP chegou ao Thunder. O ator, que eternizou o personagem Bobby Singer na série “Supernatural”, falou sobre sua carreira e como está se sentindo ao encarar um novo desafio em uma série, desta vez, em “The Boys”, da Amazon Prime.

Já no painel “Vilões que amamos odiar”, a atriz Fabiana Karla entrevistou seus colegas de profissão Cláudia Raia, Mariana Ximenes e Alexandre Nero. Os atores falaram sobre suas preferências entre interpretar mocinhos ou vilões e como é esta atuação nas novelas brasileiras.

Outro destaque do dia foi o bate-papo com Lázaro Ramos, Taís Araujo e Seu Jorge, sobre a nova produção da Globo Filmes, “Medida Provisória”, filme que apresenta questões raciais e outros temas
urgentes na sociedade.

“É uma provocação para todos que ainda se surpreendem quando vão ao hospital e encontram um médico preto”, disse Taís Araújo, que interpreta Capitu, uma médica. Além de abordar o roteiro do filme, o painel, que foi totalmente formado por pessoas negras, mostrou ao público a possibilidade de abertura de novos diálogos na história.

“Estamos na CCXP, podemos atingir e falar com todos os públicos, e essa é a nossa intenção”, comentou Lázaro Ramos. Durante o painel, o ponto alto foi a grande interação do público por meio do chat e o uso da hashtag #ThunderArena no Twitter.

Diversidade marca todos os palcos da CCXP.

No palco do Artists’ Valley, o dia começou com a apresentação do poster oficial do evento homenageando os personagens mais queridos do Brasil, a Turma da Mônica. O trabalho foi desenvolvido em conjunto com 20 artistas durante a pandemia e o resultado definido como ‘um monumento’ pelo criador Maurício de Sousa, homenageado em 2014, na primeira edição da CCXP. O trabalho uniu os famosos personagens com os traços das graphic novels do selo MSP – que já soma oito anos e 29 títulos – lendo a primeira edição da Turma da Monica que completa 50 anos este ano.

Na programação do espaço, a quadrinista e ativista Germana Viana conversou com Trina Robbins, a primeira mulher a desenhar quadrinhos da Mulher-Maravilha, e a possibilidade de interação na plataforma mostrou que havia um time feminino bem ligado no conteúdo. No chat, várias mulheres celebraram a participação da artista, que relembrou momentos de ativismo focado no feminismo. A veterana ressaltou que não foi a única a trabalhar em projetos no passado e lembrou de sua primeira HQ 100% feita por mulheres, ‘It Ain’t me Babe’, que na capa apresentava personagens como a Mulher Maravilha, Luluzinha e Olivia Palito.

Para Gabriela Borges, criadora e editora da Mina de HQ, mídia independente e feminista, Trina tem
uma enorme relevância na luta pela expressão das mulheres no segmento e Germana é uma das
grandes quadrinistas brasileiras da atualidade.

“Ouvir as duas conversando é uma grande inspiração e fico feliz de vê-las falando que o crescimento do mercado de quadrinhos depende do crescimento do público interessado em quadrinhos. E digo o mesmo sobre pessoas interessadas em ler quadrinhos mais diversos, feitos por mulheres, pessoas não binárias, trans, negras, não-brancas, da periferia, fora dos eixos sul-sudeste e por aí vai”.

Nas mesas virtuais as mulheres também estão marcando seu espaço. Com 17 anos e pela primeira vez na CCXP, Celina Pacheco se surpreendeu ao conseguir participar e reforçou estar muito feliz em perceber que artistas dos mais diferentes perfis e tamanhos têm vez e a oportunidade de expor seu talento e trocar experiência com o público. O espaço também proporcionou aos fãs dos quadrinhos uma aproximação por meio de 110 lives de artistas que aconteceram nesta sexta-feira no Artists’ Valley – sem contar o conteúdo do Palco. O artista Digo Freitas disse estar feliz com a solução encontrada pela organização. Antes da abertura oficial da CCXP nesta sexta, ele já desenhava um de seus personagens principais e anunciava suas lives em sua mesa. Já Kaol Porfírio aproveitou a live em sua casa para mostrar a separação dos pedidos recebidos pela plataforma e disse que o ponto forte do Artists’ Valley em 2020 está na preocupação com o crescimento da participação de artistas periféricos, negros, mulheres e LGBTQIA+.

O palco Creators & Cosplay Universe, que hoje foi comandado por Lorelay Fox e Blogueirinha, abriu os trabalhos com uma programação voltada para as crianças em uma contação de histórias sobre cultura africana com a pernambucana radicada no Rio de Janeiro Kemla Baptista. O público mais velho, que aproveitou os tempos de ouro da MTV, também pôde se divertir no painel apresentado pela ex VJ Sarah Oliveira e que contou com Marina Person, Thunderbird, Didi, Penélope e até Marcos Mion.

Imagem: Cortesia CCXP

Outra reunião que agradou quem assistiu pela transmissão do palco foi dos integrantes do Choque de Cultura. No papo, eles falaram sobre humor e cinema, além dos esquetes que acabaram viralizando pela internet.

Masterclass e ativações das marcas

O escritor norte-americano, Mark Waid, autor de ‘O Reino do Amanhã’ realizou a masterclass do dia e explicou quais são os pilares que considera para um bom roteiro. Ele destacou que não importa se o escritor tem experiência ou não, mas existe um caminho a ser percorrido. Em primeiro lugar, saber sobre o que a história trata. Depois, adicionar um obstáculo – que pode ser grande ou pequeno – e, por fim, uma consequência.

Segundo Waid, isso ajuda a criar uma direção lógica e, principalmente, ensina ao contador da história detalhes que farão os leitores ficarem presos as páginas.

“Ninguém quer ler uma história confusa. Quanto mais se sabe sobre o personagem principal, mais se desenvolver novos bons conteúdos com ele. É fundamental saber se ele é engraçado, valente, quem ama, o que ama e o que o motiva a levantar da cama. Para tudo isso, basta o escritor olhar ao seu redor e absorver, devorar livros, filmes. Alimente sua cabeça! As ideias virão da sua vivência e não de ficar sentado em uma sala”, indica.

Já no Hollywood Strip, os fãs do festival puderam acompanhar mais conteúdos e se divertir nas ativações virtuais preparadas pelos estúdios. Entre os destaques do dia, uma live especial da MSP com o próprio Mauricio de Sousa falando sobre sua carreira. No espaço, é possível acompanhar alguns trailers, fotos e até um mapa em 3D criado pela Globoplay, que leva o fã para dentro do universo da plataforma de uma forma totalmente interativa.

O primeiro dia de CCXP seguiu pela madrugada e, desta vez, não foi com a famosa fila do Thunder Arena. O público pôde acompanhar a programação da Oi Game Arena até as 3h da madrugada.