Com sua voz doce e ao mesmo tempo potente, Agnes Nunes é hoje uma das maiores ascensões da música pop brasileira. Com apenas 19 anos, a jovem mostra sua potência vocal e traz à tona diversos assuntos de suma importância, como o empoderamento negro, feminismo e luta contra o racismo. E o POPMais bateu um papo com ela sobre suas inspirações, experiências e posicionamentos.
POP Mais: Você diz lutar contra racismo e a favor do feminismo, como você aborda essas pautas em suas músicas?
Agnes Nunes: Sim, são lutas constantes em minha vida e minhas músicas dizem muito sobre mim, sobre minhas convicções, minhas dores e conquistas. Então, automaticamente eu abordo essas questões nas minhas canções; algumas vezes de forma mais direta, explícita, e em outras eu prefiro ser mais sutil e deixar essas mensagens nas entrelinhas.
PM: Você sofreu bullying na escola e o colocou no papel, surgindo assim, suas primeiras composições. Foi um processo doloroso pra colocar esse sofrimento em suas composições?
AN: Nossa… demais. As minhas primeiras canções nasceram na dor, e é louco pensar que eu era tão menina. Poxa, naquele momento, era para eu ainda estar vivendo toda aquela pureza e beleza da infância e pré-adolescência, mas, não… já precisava lidar com questões tão delicadas. Mas, ao mesmo tempo que era um processo muito doloroso, o ato de escrever, de colocar para fora tudo aquilo que se passava em minha vida, fazia eu me sentir melhor. A música, literalmente, tem a capacidade de me tirar do fundo do posso e me trazer à vida. E eu acho lindo isso!
PM: Já que você gravou em alguns lugares do nordeste e diz colocar muito a cultura do nordeste em suas músicas, qual a importância de representar o nordeste em sua carreira?
AN: Eu canto sobre mim e minha verdade. Eu sou uma nordestina nascida na Bahia e criada na Paraíba, sou paraibaiana, como eu costumo dizer (risos). A cultura nordestina está entranhada em mim, faz parte de quem eu sou e transborda no meu sotaque. E, pra mim, é uma honra, além de uma responsabilidade imensa, representar um povo tão sofrido, mas ao mesmo tempo batalhador, forte, que tem esperança e persiste.
PM: De onde surgiu a ideia de homenagear as várias cidades no EP ‘Romaria’ e por que Hiroshima? Uma das cidades afetadas pela segunda guerra mundial, quem escolheu gosta da história dela?
AN: Eu mesma escolhi. ‘Romaria’ é uma homenagem aos lugares pelos quais sou apaixonada. ‘Hiroshima’ é a única que não visitei ainda, mas tive um sonho com ela e decidi colocá-la no EP. Ela fala sobre ressurgir das cinzas e, nela, compartilho os pensamentos e conclusões que tive durante a quarentena.
PM: Como foi a experiência de aprender e tocar sozinha? Você teve muita dificuldade? visto que a maioria dos artistas tem algum instrutor de apoio para aprender.
AN: Minha casa sempre foi muito musical e, talvez, por isso, a música sempre foi algo muito natural pra mim. Obviamente no início eu tive dificuldades com o piano, sim, mas aí fui descobrindo as notas e tudo fluiu. Acho que minha curiosidade e o amor pela música foram fundamentais nesse processo.
POP Mais: O que você prefere, compor ou cantar?
Agnes Nunes: Oxe, amo compor e cantar (risos). Não me sentiria completa fazendo apenas um dos dois.