Música

Ayom faz estreia com single autobiográfico e homônimo

Faixa precede uma sequência de lançamentos digitais que sairão em 2020, firmando a banda na nova cena da música autoral ao redor do mundo

Imigração, liberdade e poesia. São com essas temáticas que AYOM se debruça na divulgação do seu novo single, homônimo, que traz à tona as motivações mais íntimas e comoventes da frontwoman Jabu Morales.

Autobiográfica, a música vem carregada das nuances do poder feminino, em plena transição entre suas diferentes fases-faces: menina, mulher e mãe, marcando o processo migratório de uma brasileira que deixou seu país para conquistar e viver plenamente sua liberdade sem fronteiras físicas ou simbólicas, além de retratar a jornada da artista às suas origens, que encontra, a partir do som do tambor, a força para se conectar com a sua ancestralidade.

A percussão é a guia de todo o processo criativo do grupo que une a América Latina, África e Europa Mediterrânea entre seus integrantes. O tambor e a imigração, aliás, são os pontos de interseção. Para Jabu, o instrumento tem uma relação ritualística de afirmação “Viemos naturalmente mostrar que a força matriarcal também se faz presente ao tocá-los com mãos femininas. Eu toco e os músicos sensivelmente me acompanham, muito mais em um lugar de escuta”, contou a vocalista, que nesse registro questiona o verdadeiro papel da mulher na sociedade.

Entoada com uma doce voz, AYOM revela um discurso forte, mas ao mesmo tempo leve como as aves migratórias, desenhando, de maneira emblemática, a nova fase de Morales, que deixou o Brasil para viver em Barcelona, afirmando seu empoderamento feminino, enquanto nos faz refletir sobre os paradigmas que permeiam uma sociedade preconceituosa, machista e misógina.

Graças a sua sonoridade estética com elementos que se aproximam, como o beguine francês e o baião nordestino brasileiro, single vem também carregado de fluidez musical, perfeita para o corpo, que se movimenta e dança ao som deste hino à liberdade.

Com elementos do Atlântico Tropical, negro e mestiço, que se move entre ritmos como carimbó, cumbia, semba, coladeira, funaná, ijex e guaguanco, a banda acolhe a bagagem de cada um dos seus integrantes, repletas de influências de suas raízes que desaguam em AYOM, formando uma experiência de multiculturalidade que pode ser percebida no single. Cantada em português e crioulo francês , a música, como não poderia deixar de ser, contempla a diversidade de vários povos.

Para a versão audiovisual, uma narrativa que consegue trazer toda a essência da canção ao mostrar, de maneira poética, a passagem da infância para a vida adulta de uma mulher. Retratada no intimismo de um quarto que revela, através do papel de parede de princesas e das bonecas, uma imagem do tradicional feminino a partir de um viés conservador, a menina passa seus dias e cresce. Ao deixar esse universo para trás, muito apropriadamente através de um corredor, metáfora de passagem, o ritual de transformação acontece, fazendo a menina ganhar o mundo para se tornar uma mulher múltipla, com várias faces, que pode ser vista num palco, na cidade, no mar, em todo lugar.

A propósito, as locações mostradas no videoclipe, dirigido por Rafael Diniz “Fiel”, também contam a história da banda, entre cenários urbanos e natureza, lembrando que AYOM está em toda parte.

Do começo ao fim, canção vem evocar a ancestralidade feminina com leveza, lutando por liberdade e pelo lugar que durante muito tempo foi negado para as mulheres. É essa a atmosfera conceitual.

O lançamento acontece no Brasil através do selo Amplifica Records. Na Europa, em parceria a com a Flowfish.

AYOM é formado pelo multiculturalismo de Jabu Morales (voz e percussão), Alberto Becucci (acordeão); Timoteo Grignani (percussão), Walter Martins (percussão +), Ricardo Quinteria (baixo, violão) e Olmo Marin (cavaquinho).

Confira: