O cantor sertanejo Ronaldo Torres de Souza, conhecido por seu nome artístico Alex Ronaldo, foi preso por chefiar um esquema fraudulento que movimentava milhões de reais por meio de músicas falsificadas e promovidas por bots em streamings de música.
A investigação mostrou que existia uma “fazenda de streams” que aumentava o números de reproduções e desviava recursos para o cantor através de fraudes em direitos autorais. A primeira denúncia veio à tona em uma matéria do Portal UOL, que detalhou o esquema.
De acordo com o Ministério Público, o suspeito utilizava 21 notebooks conectados em sistemas de automação que simulavam até 2.500 ouvintes para aumentar as reproduções em suas músicas, além de publicar faixas de outros artistas sem autorização por meio de perfis falsos desviando o dinheiro para sua conta PIX.
Entre as vítimas está Murilo Huff, viúvo de Marília Mendonça. A perícia identificou mais de 3.900 guias em dispositivos do cantor, o que aponta que o número de fraudes pode ser maior do que o informado inicialmente.
Conforme o portal Diário do Centro do Mundo, a agregadora WMD, que facilitava o acesso às plataformas, colaborou com as investigações, apontando 32 perfis adicionais ligados ao suspeito. Especialistas dizem ainda que o problema vai muito além. “Até grandes duplas inflacionam plays para criar uma falsa impressão de sucesso”, afirmou Marcos Bernardes, do Blognejo.
A estimativa é que o golpe tenha gerado um prejuízo de R$ 6,6 milhões, que foram usados para a aquisição de bens materiais – como carros de luxo e criptomoedas.
A investigação apontou ainda que houve a utilização de Inteligência Artificial em músicas, o que dispensou a necessidade de composições ou aquisições de faixas. Isso trouxe à tona a fragilidade do sistema de direitos autorais no Brasil, já que houve falha por parte dos streamings para detectar irregularidades.
Marcelo Castello Branco, da UBC (União Brasileira de Compositores), é favorável à criminalização da manipulação de execuções em streaming. “Essa prática distorce as métricas e prejudica o ecossistema musical”, afirmou.
Ronaldo teve uma carreira promissora no sertanejo, com hits como “Sexta-Feira sua Linda”, e usava sua identificação artística para se manter num patamar de figura pública enquanto o esquema de fraudes se expandia. Em entrevista, o ex-sócio Osvaldo Brehm revelou que o cantor tinha comportamentos duvidosos em sua trajetória artística.
O Spotify removeu 101 dos 209 perfis denunciados, mas enfrenta críticas por sua política de verificação. O POP Mais procurou o Spotify Brasil para um posicionamento e assim que houver retorno, a matéria será atualizada.