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CRÍTICA | “Coringa” tira tom cômico do vilão e dá profundidade ao drama do personagem com atuação impecável de Joaquim Phoenix

Um dos filmes mais aguardados de 2019 chega aos cinemas nesta quinta(03). Sério meus amigos, não tô de brincadeira, filme é muito aguardado pelos fãs e pela crítica, e confesso que há muito tempo não via uma sessão de imprensa tão cheia de críticos sedentos para dar seu panorama sobre o filme, logico que esse que vós escreve é um deles também, mas chega de enrolação e vamos falar sobre o longa.

Gothan: Lar de um dos maiores heróis é também o lar de um dos maiores vilões

O filme se passa em algum momento entre o final dos anos 70 e começo dos anos 80, a cidade de Gothan enfrenta diversos problemas, a economia não vai bem, há uma infestação de ratos, as diferenças sociais são gritantes, a cidade é um verdadeiro esgoto tanto literal quanto figurativamente. Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) é mais um morador de Gothan que sofre com os problemas da cidade, ele mora com a mãe Penny Fleck (Frances Conroy) e trabalha como palhaço em uma agência e sonha em ser comediante. Arthur sofre de um distúrbio psicológico que o faz rir em momentos estresse, tensão ou quando está irritado, ruim pra ele e para quem estar por perto, para aliviar pro seu lado Arthur sempre em no bolso um cartão que explica seu problema como uma forma de pedir desculpas pelo que ele é. Thomas Wayne (Brett Cullen) é o candidato político favorito que promete resolver todos os problemas de Gothan e varrer o lixo (literal e metafórico) para fora da cidade.

Até aqui que não deve ser nenhuma novidade para você amigo leitor, essa é ambientação que o filme passa que aos poucos transforma Arthur Fleck em Coringa, no filme acompanhamos seus problemas e como a cidade está um caos e entregue aos ratos (novamente tanto literal quanto metaforicamente).

Deveria ser +18 e não +16

O bom de uma cabine lotada é que consigo observar diversas reações mesmo daqueles que deveriam analisar de forma neutra o que assistiram, para mim é ótimo pois posso não só analisar o filme quanto analisar a reação das pessoas após assistirem. Muitos comentários eram sobre a faixa etária do filme que recebeu apenas +16 ao invés do +18, meus colegas acreditam que isso é um equívoco e agradeceram por assistir antes do público pois temiam a reação deles (em especial de adolescentes) acreditando que os mesmos poderiam ser influenciados a repetir o que viram violência gratuita e sem motivos). Até aqui opinião deles e respeito, mas acredito que queiram saber a minha, e bem, +16 é sim o ideal ao filme.

Como assim Luan? Qualquer um que vá assistir ao filme do Coringa sabe que ele é um vilão das histórias do Batman e obviamente não é um exemplo a ser seguido, é de longe uma referencia social para justificar qualquer ato de alguém. Todos sabemos que o Coringa é doente e Arthur Fleck se mostra dessa forma. – Mas ele pode influenciar atos e… – Compará-lo ao V de vingança por exemplo é erro grotesco, veja o V tinha uma justificativa política pros seus atos enquanto o Coringa não. Ele mesmo fala isso no seu monólogo no filme, que fez o que fez porque quis e não sente nada a respeito disso, nem raiva, nem culpa, nem dor, nem amor, nem remorso. O Coringa não tenta justificar o que fez, mesmo que digam isso, ele afirma que só cometeu crimes porque sentiu vontade.

É muito violento?

Eu sinceramente achava que iria ver mais violência do que vi. Eu conto nos dedos o número de pessoas mortas pelo personagem nessa adaptação. Não que isso seja um ponto negativo, mas eu observo um grande burburinho de pessoas dizendo que o filme é extremamente violento. Me pergunto se tais pessoas já assistiram a algum filme do Quentin Tarantino, ou até mesmoBacural”, que é bem mais violento que o filme do Coringa.

Joaquin Phoenix

Vocês sabem que gosto de separar minha crítica por pontos que me chamam a atenção e esse cara é um dos principais motivos para você ir assistir esse filme. Diversos atores se consagraram fazendo o papel de Coringa nas telonas, cada um fazendo um Coringa diferente e não foi diferente Joaquin Phoenix. O ator entrega o personagem que chamo de “Coringa Depressivo” que, diferente de todos os outros já vistos, esse filme não se passa em nenhuma realidade já abordada, por mais que ele beba e entregue diversas referências sobre piada mortal ou cavalheiro das trevas o filme não é ambientado nesses universos criando assim um coringa único com uma atuação digna de Oscar.

Mas e o Batmam?

Coloquei esse ponto aqui pois ouvi comentários de alguns colegas sobre estarem frustrados por não terem visto o Batman no filme… Gente, basta lembrar que o longa se passa nos anos 80 e o Thomas Wayne ainda está vivo, já é o suficiente para saber que nesse filme não existe o Batman. Porém aproveito aqui para dizer que nele mostra um motivo realmente sólido para que a família Wayne entre no beco na noite do assassinato de Thomas e Martha Wayne. Ainda falando sobre o Batman, reafirmo que esse filme não tem qualquer relação com a linha temporal do Universo DC. Os eventos não acontecem antes de outros títulos como Cavaleiro das Trevas, o longa também não terá continuação, logo esse Coringa nunca irá conhecer o Batmam.

As cores

Os filmes da DC tentam dar um ar sombrio e aqui não é diferente, porém gostaria de destacar que as cores usadas no traje do Coringa chamam a atenção. Conhecemos o palhaço do crime por seu terno e cabelo de cores verde e roxo mas nesse filme que se propõem a mostrar um coringa diferente dos demais, e essa ideia é refletida até no traje que agora é vermelho e laranja com alguns detalhes em verde.

Considerações finais

Com um excelente roteiro e uma atuação digna de Oscar, Coringa é um filme que nos coloca ao lado de um dos maiores vilões das histórias do universo de super-heróis. A produção nos mostra a evolução de um homem em sua trajetória triste e fria, que até nos causa uma empatia, mas conseguimos enxergar nele uma doença, e que por mais que seja cruel a realidade, não justifica seus atos. Recomendo a todos os fãs da DC e também da Marvel, pois esse é um grande filme para os amantes de quadrinhos. Agrada dos cinéfilos mais exigentes até aqueles que vão apenas “curtir o filme”.

Nota do crítico:

[rating=5]