A voz da mulher negra periférica, está ganhando o volume que merece, seja na MPB ou no Hip-hop, o tom feminino marcou o Rap brasileiro dando início a novas gerações, Gabrielly Nunes conhecida como Gabz, é um exemplo disso.
Nascida e criada no Irajá (Zona Norte do Rio de Janeiro), Gabz descobriu que nasceu para ser cantora enquanto cursava o Ensino Médio. Ela lançou seu primeiro single em abril do ano passado, intitulado ”Do Batuque ao Bass”, o clipe já conta com quase 600 mil visualizações e 26 mil curtidas positivas.
Assista:
Hits incontestáveis! Com o lançamento do segundo single ”Bota a Cara” e da música ”O baile é nosso”, Gabz conquistou 15 mil ouvintes mensais no Spotify e 80 mil seguidores no Instagram.
Para você o talento é algo inato? Ele nasce com o ser humano, se constrói ao longo da vida ou é desenvolvido pela influência permanente de uma pessoa?
– Acho que temos facilidades e paixões, técnica se constrói. Somos capazes de fazer quase tudo, mas algumas coisas parece que nascemos para fazer sabe?
Em suas letras é possível notar uma identidade cultural que chega a impactar, daí pessoas com pouca intimidade no gênero talvez fiquem espantadas. Você já sofreu algum tipo de preconceito linguístico?
– Cara eu fiz uma palestra sobre essa questão, e uma coisa que eu explico sempre sobre “é nois”. Por que “é nois” não é um erro de concordância verbal, são várias coisas. Não significa somos nós ou a gente. É uma forma de expressão nova, e eu acho poético a união do singular com o coletivo que cria um novo significa para esse coletivo. Uma reafirmação cultural. É uma nova forma de expressão e redesenhar a língua. Então, com 16 anos eu comecei a falar assim, sempre falo da forma que eu acho que vou me expressar melhor. Então é muito doido quando vejo o preconceito linguístico acontecendo, porque eu faço questão de falar do jeito que eu falo. Princialmente em outros lugares, pois a mensagem chega onde eu quero que chegue. Ela provoca o choque necessário para quem eu quero que choque. E isso é uma das coisas que as pessoas falam que deixa meu som mais acessível.
– Eu sempre lutei muito, para mim a identidade e as bandeiras sempre foi algo muito presente dentro da minha construção como artista. Então eu sempre estive neste lugar de representar uma outra parada, então o publico que me apoiou sempre soube disso. Eu acho que atualmente, rola um preconceito do tipo: “Ah é uma mina que quer cantar rap, mas quer rebolar ao mesmo tempo”. Eu acho que isso as pessoas não aceitam muito bem. Ou você é um ou você é outro.