Para uma artista como Déa Diell, as angústias e ansiedades urbanas viram força motriz de composições que parecem exorcizar as dores de tempos tão estranhos. A cantora paulistana oferece doses de seu íntimo para que possamos entender através das canções o momento em que estamos vivendo.
Refletindo sobre o próximo lançamento, falamos com a cantora sobre o novo single, “Anjos e Demônios” e o EP previsto para março do ano que vem.
1) – Compor foi um processo de “não enlouquecimento” para você durante a pandemia?
Déa: compor quando a gente está transbordando emoções é sempre mais fácil e mais verdadeiro. Seja num momento muito feliz ou muito turbulento. Naquele momento de pandemia eu sentia as duas coisas. Foi uma erupção mesmo.
2)- Essa fusão do pop solar com uma pegada mais intimista vem de quais inspirações e referências?
Déa: Minha mãe sempre disse que colocou música clássica desde muito cedo para mim e que eu amava. Depois fui crescendo e parei de ouvir as clássicas, mas as trilhas de cinema cheias de cordas, sopros, pianos continuam me encantando muito. Com a adolescência vieram os hits do pop que eu amo. E quando comecei a estudar música pra valer é que meu repertório aumentou com artistas mais alternativos e não tão comerciais como Patrick Watson, Bobby McFerrin, Bjork. Agora ouço muito Daniel Caesar, Billie Eilish, Lofi. Dessa fusão de sonoridades tão variadas veio também a vontade de criar coisas novas, explorar caminhos e não só fazer o que já tá rolando.
3)- Algumas pessoas falam do tema “saúde mental” como algo banal que entrou na moda. Qual sua percepção sobre a superficialidade dos debates em cima desse tema? EVOLUÍMOS?
Déa: Não tem como ser um assunto banal, porque todos nós estamos sentindo na pele o quanto uma mente desequilibrada afeta nossa vida. Acho que a conscientização sobre esse tema tem sim aumentado de forma muito positiva. A questão é o quanto a gente vai atrás não só para entender do assunto, mas sim para tratar da nossa mente de verdade. Deveria ser uma rotina diária, igual academia, esporte. Mas eu mesma ainda não cheguei lá. É um caminho.
4)- Amor, saúde mental, ansiedade. Suas canções vão na contramão do que o mercado anseia ver nas redes sociais. Isso te desanima ou te motiva de alguma forma?
Déa: Eu sou muito fiel à minha verdade. Não consigo fazer algo só pra ser aceita, mas ainda quero que muito mais pessoas conheçam meu trabalho e estou focada nisso. Seja nas redes sociais e fora dela também.
5)- Há possibilidade de uma virada sonora antes do lançamento do EP ou já está tudo redondinho?
Déa: Minha música preferida ainda está por vir. Estou feliz demais com esse EP e com todas as vertentes dele. É muito bom ter a liberdade de fazer o que acredita sem barreiras. Essa é a vantagem de ser artista independente.