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Entrevista Exclusiva com Bea Carneiro, jovem promessa da nova MPB

Entrevista Exclusiva com Bea Carneiro, jovem promessa da nova MPB
Foto: Marco Guida

Nesta sexta-feira (14), Bea Carneiro lança sua carreira através de “Fantasmas”, que chega pelas principais plataformas de áudio – faça o pre-save aqui. A faixa abre os trabalhos da artista pela Sirius Lab, gravadora independente de Niterói.

“Fantasmas” traz versos que falam sobre os sentimentos que permeiam a vida como a raiva, a ingratidão e a insegurança. Tais sentimentos são representados pelos fantasmas que perseguem e que colocam cada pessoa diante de seus problemas. 

“É importante reforçar que fugir dos nossos fantasmas, dos nossos medos ou de nós mesmos traz consequências piores do que, de fato, encará-los. Eu termino a canção cantando que ‘eu sinto tanta mágoa, isso me amarra, nesses meus fantasmas que eu preciso conviver’. Precisamos nos permitir ficar cara a cara com as nossas dores, para entender que dentro disso, existe a gente”, explica Bea Carneiro.

Já sobre a sonoridade de “Fantasmas”, Bea Carneiro conta que sempre enxergou sua música próxima ao novo MPB, com uma pegada alternativa. “Amo samba. Piano. Violino. Não recuso uma batida. Cresci escutando forró, funk, pagode e samba. Geralmente, as minhas composições são melancólicas, mas penso sempre em trazer batidas mais gostosas e envolventes, tipo Gilson e Liniker. Inclusive, tenho bastante composições estilo sexy song”, explica Bea que ainda destaca que “Fantasmas” é uma obra de cura.

“Fantasmas reflete uma sociedade adoecida por gerações e por grandes eventos atuais. É uma obra que ensina a olhar para dentro e a entender suas dores, e não fugir”, completa a jovem artista. 

Entrevista Exclusiva com Bea Carneiro, jovem promessa da nova MPB
Capa: Marco Guida

A produção musical de “Fantasmas” é assinada por MagoBeatz (@mago.beatz) e Venâncio (@eu.vena), através da Sirius Lab Studio. Já a produção executiva é de Luís Guilherme Ferreira. Para completar, o audiovisual, com estreia também na sexta (14) através do canal de Bea, tem direção de Arthur Mota e Marco Guida.

“O clipe conta a história da Bia se entendendo com os seus fantasmas dentro de um apartamento, além disso, retrata suas crises de ansiedade e a sua apatia diante de uma depressão. Ao longo da história, ela vai convivendo com os fantasmas e se entendendo com eles. Até que um dia, ela decide aceitar a sua presença, e então se reconhece no fantasma e se descobre como ela mesma, e volta a se conhecer profundamente”, conclui Bea.

O portal POP Mais conheceu o trabalho da Bea Carneiro com exclusividade. E ficou bastante surpreso com toda a história da artista e com a profundidade de seu lançamento de estreia. Confira abaixo mais um pouco dessa troca de ideia.

Entrevista Exclusiva com Bea Carneiro, jovem promessa da nova MPB
Foto: Marco Guida

Bea, como você começou na música?

Tenho contato com a música desde nova, na infância, o avô do meus amigos fazia parte do Trio Irakitan, que era um conjunto vocal que fazia sucesso nos anos 50. Todo fim de tarde, ele puxava o violão, tocava e cantava pra gente. Ainda na infância, a minha brincadeira era escutar música, e mesmo sem entender, eu interpretava e cantava. 

Aos 23 anos, quase no fim da pandemia, depois de ficar sem contato com família e amigos que repensei toda a minha vida. Então, banhada na crise de identidade e depressão, percebi que a única coisa que fazia eu me sentir viva, era a música (e o teatro, que faço desde os 16 anos). 

De onde você é? 

Eu nasci em Itaboraí. Morei em Itaboraí até os 5 anos, porém a minha família se mudou para São Gonçalo. Foi quando iniciei uma jornada cigana de morar em muitas casas, conhecer muitas pessoas e me despedir de todas elas. Porto Velho, Porto Novo, Paraíso, Neves, Trindade e assim vai… Essa questão da mudança, é um fato importante pra mim, pois ditou toda a minha personalidade.

Por falar em personalidade, quais suas principais referências na música?

As principais são, definitivamente, Adriana Calcanhotto e Ana Carolina. Também gosto muito de Milton Nascimento. Marisa Monte. Os Novos Baianos. Raul Seixas. Chico Buarque. Marisa Sena. Duda Beat. Manu Gavassi. Maria Bethânia. MC Tha. Luiza Lian. Liniker.  

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Foto: Divulgação

E o que mais te inspira?

O meu olhar crítico pra vida e situações que abalam o meu emocional. A minha mãe e a sua perseverança na vida. Os cantores que tenho como referência. Os traumas da minha infância. Meu signo… Leão… Que me entrega um amor próprio que putz… A hipocrisia da sociedade. O filme “O som do coração”. Pintar. 

Agora, falando um pouco mais sobre “Fantasmas”. Essa faixa é inspirada em que?

Essa composição veio de uma semana turbulenta e de anos sentindo raiva, sem entender o porquê. Ao fazer terapia e pensar muito sobre isso, descobri que essa minha raiva veio da minha infância, onde vi e convivi com a violência. Essa música me ajudou no processo de perdão com a minha vó. Ela tinha o costume de criar as pessoas por meio da tortura. Ela enfiava minha cabeça no pote de café, até vomitar, me colocava ajoelhada em pedras. Uma vez, a vi arrancando os dentes da minha prima com alicate. Tudo isso gerou, inconscientemente, medo e revolta dentro de mim. Eu precisava escrever essa música, e eu preciso falar mais disso ao longo do tempo, talvez não tão explícito. Mas é o meu processo de cura. 

Além disso, quando eu digo “eu e meus fantasmas, correndo pela casa, se desmerecendo e tentando se entender”, é uma representação de momentos de crise de ansiedade que tive durante e depois da pandemia, onde meu único refúgio era chorar no banheiro para que ninguém escutasse. 

É tudo muito pesado? É, mas esse é meu processo. Preciso falar sobre isso!

Uau! E o que você destacaria sobre a produção musical pra dar conta dessa composição tão forte? 

Ritmei a composição através das ferramentas que eu tive alcance, procurei por um beat de violão e pronto. Consegui o arranjo pra pelo menos ter como base. Depois, a música passou pelo MagoBeatz, que iniciou o processo. 

Nos inspiramos, principalmente, na música “Coisas que Eu Sei” (Dani Carlos), E tentamos nos aproximar da batida e o “zunido” do som. O Mago incluiu um teclado lindo. Minha ideia é trazer um MPB anos 2000. 

Depois disso, a música foi para as mãos do Venâncio, e aí gravei novamente a voz e organizamos alguns elementos da música, como o baixo, a bateria e o teclado. Aproveitei também para dar umas cantaroladas, coros e dobras. Tá lindo!

Pra fechar! Já pode adiantar algum spoiler que vem dará sequência a “Fantasmas”? 

Depois do passeio reflexivo de “Fantasmas”, a Bea trará um EP com outras três faixas inéditas. Será como uma continuação do meu  autoconhecimento, mas agora de uma forma muito mais leve, descontraída e com um toque de romance e relacionamentos. Moods: love song, pop leve, good vibes e nova MPB.