Radicado nos EUA, berço do rap e das batalhas de rimas, nascido no Brasil, terra dos internacionalmente conhecidos Racionais MCs, não surpreende que Lucca DL tenha escolhido o ritmo para se expressar.
Aproveitando uma época fervorosa para fãs de futebol, em que a iminência de mais uma Copa do Mundo movimenta os debates, DL reúne em “O Jogo” essa mistura de paixões e influências, enriquecendo com um videoclipe animado a trajetória sonhadora do personagem que representa tanta gente mundo afora.
Em entrevista o rapper, com mais de 500 mil seguidores nas plataformas digitais falou sobre o processo de composição de “O Jogo” e parte quais as influências em sua carreira.
1)- Qual a maior dificuldade de usar dois idiomas distintos no mesmo som sem perder a coesão narrativa?
A maior dificuldade é como manter as pessoas que não falam as duas línguas engajadas também. E para fazer isso, eu sempre tento fazer com que as letras rimem nas duas línguas, quando eu vou trocando. Daí mesmo a pessoa não entendendo, podem perceber que a música mantém o mesmo flow e tem uma certa coesão.
2)- “O Jogo” usa o futebol como metáfora para a busca por realização dos sonhos. Além da Copa do Mundo, há alguma outra razão para escolher esse esporte como trampolim para a canção?
Futebol sempre foi meu esporte favorito. Jogo e acompanho desde pequeno. E também é uma metáfora bem apta. Como várias coisas na vida, o sucesso no futebol depende de muito trabalho, sacrifício, e um pouco de sorte. É um caminho arriscado e o sonho de muitos, então a questão se torna se devemos arriscar ou ir pelo caminho mais seguro. Queria mostrar as consequências (positivas ou negativas) desse tipo de decisão através da música
3)- As influências de ritmos nordestinos no single encorpam a canção. Como surgiu a ideia?
Por estar contando uma história bem típica do Brasil, queria que a parte sonora refletisse isso também. Usei referências como o “Norte Nordeste me Veste” do artista Rapadura, e os produtores do Midas Music (Fernando Prado e Fernando De Gino) ajudaram a criar um som que eu gostei muito.Grande parte da minha família é nordestina e passei várias férias lá quando era criança, então sempre foi uma história e cultura que eu queria representar. O filme Dois Filhos de Francisco também foi uma grande referência para mim desenvolver esse tema de arriscar, ou não arriscar.
4)- A base de ‘O Jogo’ é bem orgânica, com violões, baixo e sanfona. A composição surgiu no violão antes das batidas eletrônicas?
Exatamente. Quase sempre começamos no violão, eu escrevo umas letras como guia, e vamos adicionando o resto da base aos poucos.
5)- A animação que ilustra a canção tem traços bem quadrinhos. Foi uma decisão sua ou dos animadores?
Foi uma das referências que usamos com certeza. Queríamos simular um pouco o sentimento de estar lendo um gibi de futebol. Os animadores Oberas e Seelvart são extremamente talentosos e fizeram isso muito bem!
6)- Das rodas de batalha até aqui, quais artistas são suas referências para compor rimas e flow?
Dos veteranos, gosto muito do Sid em termos de conteúdo (ele praticamente escreve poemas, até na batalha), e o Tavin pela energia. Mas do pessoal batalhando com mais frequência eu acho o Magrão talentoso pra caramba e também gosto bastante do Jhony, Neo, e Big Mike.