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Entrevista: Sonja conta tudo sobre seu novo álbum ‘Rainha de Copas’

Entrevista: Sonja conta tudo sobre seu novo álbum ‘Rainha de Copas’
Reprodução Divulgação

Do mais íntimo de suas transições, Sonja, carioca de 30 anos, lançou seu novo album, “Rainha de Copas”, no dia 25 de agosto. Com fortes influências do Blues e do Soul, a cantora se inspirou em cartas de tarot e em suas últimas transformações, como entender seus relacionamentos abusivos, suas superações e a reconexão com a sua espiritualidade.

Confira abaixo a entrevista completa:

1 – Sonja, conta pra gente como foi o processo de criação do álbum “Rainha de Copas”?

Foi um processo longo! Em 2020, eu tive a idéia do álbum e comecei a ligar para os meninos pra chama-los pro álbum e eles gostaram da ideia, o que me deixou bastante animada.

A segunda etapa foi  reunir eu, Marcão (Marco Lacerda, produtor musical do álbum) e Ygor (Ygor Helbourn, co-produtor do álbum) lá em casa, onde mostrei  as músicas que eu queria que entrassem no álbum,  para que eles pudessem começar a construí-las.

A princípio, era tudo escrito em inglês. Mas no meio do processo pedi a ajuda do Marcão ( um dos melhores compositores que eu conheço) e à  Jeyce Valente (roteirista, diretora e atriz e que escreve umas letras maravilhosas) e eles trouxeram tudo para a nossa língua – o que tem sido um desafio pra mim, haha

Entao, com as músicas já em português,  reunimos a banda e ensaiamos até estarmos seguros para entrar em estúdio.

A parti dessa entrada, foram meses e meses de estúdio, gravando os mais diversos instrumentos, vozes, pré mix, mix, etc. E como eu trabalho com uma equipe BASTANTE perfeccionista, tem aquela coisa de “volta, refaz aqui, regrava ali” – uau! Mas chegamos ao fim e o álbum está pronto, com data marcada: dia 25 de Agosto ele nasce para o mundo, bem virginiano.

As músicas de “Rainha de Copas”, cantam uma história de força, de superação e são construídas em cima de um jogo de Tarot de uma cigana, onde cada música tem sua carta representante do Tarot.

O que eu posso dizer é: o álbum está lindo, vale a pena ouvir quando sair!

2 – Uma das inspirações para este álbum veio através das cartas de tarot. Antes de lançar o álbum, chegou a visitar alguma profissional para ler as cartas para você? Como foi essa relação?

Raramente eu leio Tarot com alguém que não essa cigana. Esse jogo de cartas veio sem eu pedir. Ele veio porque era preciso vir – e eu prefiro que as coisas sejam assim.

Eu não vou atrás – e não fui atrás, no que diz respeito à este jogo que deu guia ao disco – se não achar extremamente necessário. Mas nessa época, a Cigana achou necessário abrir esse jogo para mim.

Há alguns dias atrás, foi a primeira vez que de fato paguei por um jogo de Tarot, com uma astróloga em quem confio bastante. Mas não é recorrente. Tenho estudado Tarot justamente para não precisar procurar ninguém para abrir um jogo.

Mas nesse processo de criação do álbum, eu contei com a ajuda da Giovanna Marques, que é uma amiga minha, taróloga, que me ajudou a dar às canções, sua respectivas cartas. Não tenho conhecimento suficiente de Tarot para isso, por isso usei dos conhecimentos dessa maravilhosa taróloga, para fazer o jogo fazer parte do álbum por completo.

Mas estou estreitando esses laços com o tarot. Pós Rainha de Copas, se fez necessário – e o universo me chamou.

3 – Você é uma mulher empoderada! Alguma faixa do álbum é voltada para o empoderamento feminino?

Sou uma mulher que busca se empoderar cada vez mais – é um processo eterno, acredito.

Claro, claro que o empoderamento vem nas letras. Afinal, ele fez parte dessa jornada de reencontro comigo mesma e reconexão com a espiritualidade. O empoderamento se fez presente quando eu decidi escolher a mim e amar a mim, nesse processo doloroso e muito bonito que o álbum canta.

Então sim, tem muito empoderamento nesse álbum! Esse álbum resumidamente, canta sobre quando eu escolhi a mim. E se isso não é empoderamento, meu amor…….. ahhaha

4 – Por ter vivido um relacionamento tóxico, isso te fez perceber que era a hora de ajudar outras mulheres?

Eu acho que essa ajuda vem muito através do exemplo. Eu penso que toda pessoa, independente de gênero, todo ser humano que vive um relacionamento tóxico, seja lá com o que for ou com quem for, e que consegue sair daquele lugar, é uma ajuda para outras pessoas que estão vivendo aquilo.

Então eu diria que por eu ter vivido relacionamentos tóxicos (com pessoas, com coisas, com lugares, com hábitos) e estar conseguindo sair deles, eu posso vir a ajudar alguém a sair de algo parecido que esteja vivendo, assim como eu precisei ver pessoas que conseguiram sair de seus relacionamentos tóxicos, para que eu mesma pudesse entender que eu estava em um e, assim, conseguir sair dali. E eu acho que a música é um canal de ajuda muito forte.

5 – Tem alguma canção que te emocionou muito na hora de gravar?

O álbum tem um Medley – são 3 músicas que resumem o álbum. As 3 me emocionam demais ao cantar, mas a música do meio, “triste”, me emocionou tanto na hora de gravar, que me fez chorar. Infelizmente não deu pra manter o take do choro hahahahaha

6 – Para finalizar, seus fãs podem esperar uma turnê do álbum ainda este ano?

Não posso dar certeza de uma turnê ainda, mas garanto, sim, alguns shows em 2023 – principalmente no Rio de Janeiro. Fiquem ligados lá no instagram @sonjamusica que já já a gente fala dos shows que estão por vir!

Com influências sonoras de Ney Matogrosso, Rita Lee, Sharon Jones & The Dap-Kings, John Coltrane, Tim Maia, The Suffers e entre outros ícones na música, Sonja não rotula suas composições a um gênero musical específico, mas afirma que quer quebrar as barreiras do “seletivo” para as pitadas de blues.

Cada vez mais empoderada, ela garante que esse processo não é tão simples. “O autoconhecimento, autoamor e empoderamento são um trabalho diário. O espelho vai continuar sendo meu pior inimigo e meu melhor amigo. Meu corpo, idem. O ódio e o amor são tão poderosos e andam de mãos dadas. Um tropeço e a gente nem percebe que caiu do lado errado dessa cerquinha invisível que separa os dois.”

Ao longo da carreira, Sonja afirma que já sofreu mais preconceito por ser mulher do que por ser gorda, mas um não anula o outro. Sobre ter um corpo fora do “padrão”, ela destaca ter sido vítima de estereótipos grotescos.