Há mais de três décadas que o termo millennial subiu no palco e passou a transformar não só o comportamento de uma geração, mas sim incentivar e provocar relações de toda uma esfera global. O mais marcante da narrativa geracional, o millennial foi o responsável pelo que chamamos de millennial state of mind, ou seja: uma atitude que ultrapassa as barreiras do tempo. Thalles trouxe a representação desse espírito jovem e em constante movimento para o seu novo EP, Where Am I Going Now?, com lançamento nessa sexta (27).
O trabalho, que já chega com um questionamento em seu título, traz a perspectiva de uma juventude inquieta e insatisfeita que busca novos caminhos e respostas: “Para onde eu vou agora? Para onde nós vamos agora?”. O novo projeto aborda as expectativas colocadas nessa geração, formada em uma época de evoluções tecnológicas e facilidades materiais.
Junto com o EP, Thales também estreou um clipe para a faixa título, com direção de Di Rodrigues. O registro foi inspirado no gênero cinematográfico road movie. Assim como a jornada não planejada do protagonista que pega a estrada sem rumo, a gravação do clipe também não foi roteirizada, deixando a liberdade e a criatividade da equipe fluírem de acordo com as experiências vividas no momento.
O POP Mais conversou com o cantor, que falou mais detalhes do projeto.
Thalles, você acaba de lançar o EP Where Am I Going Now? (no português Para onde eu vou agora?), que aborda diversas questões que permeiam a geração millennial. Conta pra nós, como surgiu a ideia do trabalho e qual a reação que você espera provocar no público?
Esse EP nasceu sem eu saber, na verdade. Eu não tinha a pretensão de lançar um álbum, estava finalizando o 12 X SINGLE, projeto que comecei em 2019 e que tinha o intuito de lançar 12 singles – músicas sobre diferentes temas, sonoridades etc. Where Am I Going Now? é o último single desse projeto. Quando terminei de gravar o vocal no stúdio, percebi que existia um EP ali dentro do 12 X SINGLE, um compacto com músicas que se relacionavam de maneira que até me surpreendeu. Essas 6 músicas do EP refletem essa pergunta do título; pra onde eu vou agora? São letras que falam sobre sair de uma paralisação, estagnação e colocar-se em movimento à procura de uma nova realidade.
A faixa título do EP “Where Am I Going Now” tem uma pegada anos 80 com um folk psicodélico. Como foi o processo criativo desse single?
Foi a única música que eu escrevi durante a pandemia até agora. Criativamente eu fiquei estagnado. Acho que todos nós vivemos um período de avalanche de informações e notícias arrasadoras em pouquíssimo tempo. Isso tudo mexeu muito aqui dentro. Então essa música é a retomada de um processo criativo e acho que a vazão de muitos questionamentos que me fiz nesses últimos meses. Pra onde eu vou agora como indivíduo? Como artista? E pra onde nós vamos enquanto sociedade?
Ainda falando de estilo musical, quais foram as suas principais referências para a concepção das demais músicas?
Não sei dizer. Cada música foi escrita em um determinado momento, quando eu componho eu não costumo pensar muito nos arranjos. Isso nós fomos descobrindo mais tarde – eu e o Edu, meu produtor -, a cor que cada música pedia. Eu sinto que todas elas têm em comum um crescente, em termos de melodia. Cada música tem seu trajeto e à medida que vamos percorrendo e as ideias vão sendo apresentadas, elas vão ganhando mais força.
Atualmente você está no elenco da série “As Five”, o spin-off de Malhação que estreou no Globoplay este mês. Como tem sido essa experiência? É possível dizer que a série aborda questões semelhantes às do EP?
Tem sido uma experiência bem interessante. Os episódios são lançados semanalmente, então é muito massa poder sentir o retorno do público em cada episódio específico. Acho que podemos, sim, dizer que a série e o EP orbitam uma região parecida. Ambas tratam de questões dessa nova geração, reflexões individuais que involuntariamente vão surgir em algum determinado momento.
Você tem mais algum projeto em andamento? Podemos esperar novidades para 2021?
Sim, estou filmando uma série nova e terá o lançamento do filme “Ecos do Silêncio”, direção do André Luís Oliveira. E devo começar a pré-produção do meu segundo álbum, sucessor do “Utopia”.