A jornalista Fernanda Gentil foi dispensada da Globo após 15 anos na emissora. Ela deu start na sua carreira no grupo no canal SporTV, em 2009. Dois anos depois, passou a ser colunista do ‘Jornal da Globo’. Em 2019, migrou para o entretenimento e ficou nas tentativas da líder de audiência de se consolidar no setor, o que não vingou.
Em comunicado, agradece por sua passagem na emissora: “Confesso que durante todos esses anos eu sempre pensava em como seria esse dia quando ele chegasse. Sempre imaginei que ele fosse ser um dia de paz, que a conversa fosse com muito carinho, de forma muito amistosa, e que eu fosse me emocionar muito”.
Em meio a diversos planos da Globo para Fernanda, nenhum deles emplacou sucesso, pelo contrário. O ‘Se Joga’, primeira atração comandada pela veterana, foi cancelado da programação duas vezes, na última ocasião em agosto de 2021 quando o programa foi transferido para os sábados.
Além de ofuscar o Ibope do canal carioca em dias úteis, quando foi sucessor do ‘Jornal Hoje’, e aos sábados, atrapalhando a audiência do ‘Caldeirão’, na época apresentado por Luciano Huck. Em outubro, foi escalada para o ‘Zig Zag Arena’, sendo derrubado sem direito a despedida, com prejuízos pelo caminho.
Mas diferente do que fazia entre segunda e sábado, Fernanda entrava em um duelo de audiência. O típico domingo vira um dos dias mais competitivos por Ibope. O game show seguiu o ritmo do antigo vespertino comandado por Gentil, e chegava a amargar o quarto lugar.
Confira a carta de Fernanda Gentil enviada aos colaboradores da TV Globo
Por isso inclusive que quis escrever, e não gravar. Não quero que meu rosto inchado de emoção fique por aí nas matérias que vão dar essa notícia – quero que vocês lembrem da nossa relação de 15 anos como eu quase sempre apareci pra vocês durante ela (com exceção do 7 × 109): rindo, me emocionando com as surpresas, me divertindo com as aventuras e radiante contando tantas histórias!
Aliás, não sei quando vocês vão ler isso, mas quis escrever agora, hoje, no áuge do calor do momento, com a minha cabeça fervendo de pensamentos, e meu coração transbordando de gratidão. Essa decisão foi no momento certo simplesmente porque Deus sabe de tudo o tempo inteirinho e é incrivelmente certeiro sempre. Foi no período em que eu finalmente me senti forte, corajosa e madura pra seguir em frente com as minhas novas vontades, e portanto continuar com a Globo de outra maneira.
Foi depois de fazer absolutamente tudo na maior emissora da América Latina, onde comecei a trabalhar há 15 anos. Pensa: uma menina de 22 anos realizando o sonho que ela mais sonhou, depois de ter tido 2 úlceras de tanto ralar para entrar lá, depois de fazer promessa e ficar meses sem tomar o chopppinho que ela tanto amava, depois de ler por anos a frase “Globo e Fê, tudo a ver” colada no espelho do banheiro dela, depois de mesmo com 22 anos já ter trabalhado e estagiado em vários lugares só pra acumular experiência e estar pronta para quando a oportunidade viesse. E na verdade ela não veio… eu tive que ir buscá-la com unhas e dentes!
Porque como eu digo principalmente para os estudantes com quem converso; eu não sou melhor nem pior do que ninguém, mas eu quis mais do que muita gente, isso eu tenho certeza.
Então queiram muito! Sonhem! E realizem! No meu primeiro dia na Globo eu realizei apenas o primeiro sonho que sonhei – todos os outros eu realizei sem nem ter sonhado… Minha relação com a casa em 15 anos sempre foi de parceria, troca, companheirismo e dedicação total – desde o primeiro dia até o último minuto, que foi meia hora atrás.
Por isso, assim como todas as decisões mais importantes da minha vida, essa também veio depois de pensar muito! Pensar, me preparar, me organizar, e enfim, ter certeza absoluta de que era o que eu devia fazer nesse momento. Nem antes, nem depois; agora. Pra muita gente vai parecer uma loucura muito arriscada….. e é mesmo!
Mas é que pra mim funciona assim ó: eu não gosto do sucesso tanto quanto eu gosto do frio na barriga, por isso saí do esporte onde eu estava consolidada, para me aventurar em novos desafios. E eu não gosto do salário tanto quanto eu gosto de mostrar serviço, por isso saí da Globo onde eu estava recebendo, para me aventurar em outros projetos. É quase que um lema E: do dinheiro eu apenas preciso, mas eu gosto mesmo é do trabalho!