A decisão que determinou a remoção de “Million Years Ago”, um dos sucessos do álbum “25” de Adele, trouxe à tona a força da justiça brasileira em casos de plágio musical. Toninho Geraes, renomado compositor brasileiro, alegou que a canção apresenta similaridades notáveis com sua obra “Mulheres”, eternizada na voz de Martinho da Vila. A polêmica evidencia como as questões de direitos autorais ganham relevância no cenário global, ampliando o debate sobre a proteção de patrimônios culturais e artísticos.
Entenda o caso
Toninho Geraes entrou com a denúncia no início de 2024, apresentando uma análise técnica que identificava semelhanças estruturais entre as duas músicas. A composição “Mulheres”, lançada em 1995 e amplamente reconhecida como um clássico do samba, traz elementos que, segundo o compositor, são reproduzidos em “Million Years Ago”.
Laudos periciais indicam que a introdução, a progressão melódica e até o tom melancólico das músicas são extremamente similares. Para Toninho, a coincidência vai além do aceitável, sugerindo que a obra de Adele possa ter se inspirado diretamente no samba brasileiro. O processo incluiu evidências como partituras comparativas e análises de áudio realizadas por especialistas na área musical.
Em dezembro de 2024, a Justiça brasileira decidiu favoravelmente a Geraes, ordenando que “Million Years Ago” fosse retirada de plataformas como Spotify, Apple Music e YouTube. A decisão gerou repercussão instantânea, tornando-se um dos temas mais comentados nas redes sociais e na imprensa internacional. Enquanto fãs brasileiros celebraram a vitória, admiradores globais de Adele manifestaram apoio à artista, argumentando que a semelhança poderia ser fruto de uma coincidência.
Além disso, a decisão judicial não apenas proibiu a execução da canção, mas também estipulou que Adele reconhecesse publicamente a influência de “Mulheres” em sua obra. O impacto para a cantora britânica é significativo, considerando o alcance global de suas músicas e o prestígio de sua carreira.
O posicionamento de Toninho Geraes e Martinho da Vila
Toninho Geraes declarou que sua intenção nunca foi prejudicar a carreira de Adele, mas sim proteger a autenticidade de sua criação e valorizar o samba brasileiro. “É uma luta por respeito. O samba é uma das maiores riquezas culturais do Brasil, e sua relevância deve ser reconhecida em qualquer lugar do mundo”, afirmou o compositor.
Martinho da Vila, cuja interpretação de “Mulheres” é considerada uma das mais marcantes de sua carreira, destacou que o caso reflete a necessidade de proteger os direitos autorais de artistas nacionais. “Não é sobre brigar, mas sobre garantir que o trabalho do compositor seja valorizado. ‘Mulheres’ é um patrimônio do samba e do Brasil”, afirmou o cantor.
O impacto financeiro e artístico para Adele
A remoção de “Million Years Ago” das plataformas digitais traz consequências financeiras imediatas para Adele, que terá a receita de streaming da música suspensa. A canção é uma das mais populares do álbum “25”, que alcançou vendas globais impressionantes e venceu o Grammy de Álbum do Ano. Além disso, a disputa jurídica pode acarretar uma indenização milionária a Toninho Geraes, caso a cantora seja considerada culpada em instâncias futuras.
Do ponto de vista artístico, o caso afeta a reputação de Adele como compositora. Reconhecida por suas letras pessoais e melodias emotivas, a cantora enfrenta agora questionamentos sobre a originalidade de suas criações, o que pode impactar sua credibilidade no mercado internacional.