Ouvir as canções de Marta Maria é entrar num universo intimista e acolhedor. Desde seu primeiro lançamento oficial, intitulado “Poeta Sem Métrica”, a cantora mostrou capacidade de traduzir sentimentos em canções. Na sexta-feira (05), chegou ao Youtube o clipe oficial de “Meio Dia”, produção que comprova o dom da cantora de formar uma fiel comunidade em volta de seu trabalho ao trazer a participação especial dos fãs.
“Meio Dia” também é o nome do último álbum da cantora paulistana, composto por uma sequência de faixas que ressalta a textura de voz forte e a desenvoltura para desenvolver boas melodias ao violão. O resultado é uma MPB pop elegante, fina e reflexiva, mas ao mesmo tempo leve e acolhedora. Essas características trouxeram de bom grado os fãs a participar diretamentedo novo lançamento da artista. “Essa relação é uma relação diferente do que a gente tem normalmente, porque são pessoas que estão longe, são pessoas de quem a gente não sabe a istória. Então é uma coisa engraçada o quanto que a gente consegue tocar as pessoas sem ter nenhuma relação concreta, sabe? E é legal porque esse tipo de comunidade dá pra gente uma força pra continuar fazendo a música, pra continuar fazendo a arte”, reflete a cantora.
“Sobre a participação carismática dos fãs, que é um charme. Teve gente que gravou até tocando pandeiro em cima da minha música, teve gente que gravou cantando e ouvindo, teve gente que gravou os filhos porque traz esse lugar gostoso e leve da criança. E aí eu casei isso com as minhas imagens e da minha família no sítio, sendo felizes, passando argila na cara e brincando e na piscina”
Marta Maria explica que compôs “Meio Dia” para relatar uma experiência pessoal amorosa, daquelas que transportam a gente para um tempo de nostalgia gostosa, onde a tecnologia ainda não era o guia principal das relações humanas. “Essa letra nasceu de uma paixonite infantil, porque eu, já depois de adulta, um dia percebi que eu estava apaixonada assim, feito adolescente.Quando eu saquei que era isso que estava acontecendo, eu lembro de ter olhado pela janela e falado ‘Marta, você está sentindo isso, então decora, porque faz tanto tempo’, e ali começou todo esse sentimento. Quando era pequena eu recebia bilhetes de admiradores (a) secretos (a), mas agora, nos dias de hoje, o que aconteceu foi que eu estava me apaixonando e quando eu olhava o Instagram da pessoa, tinha ali uns stories com um poema que eu falava ‘caramba, a gente conversou sobre isso ontem!’. Então fica aquela coisa que você não fala, mas que é óbvio, e esse sentimentozinho gostoso, de que você tá observando o outro, que o outro sabe, mas você ainda não tem a coragem de falar”, explica.
A faixa, assim como o álbum, foi produzida por Mateo Piracés-Ugarte (Francisco, el Hombre), acostumado a criar pop de boa qualidade no grupo do qual é fundador. Com 14 canções, todas compostas por Marta Maria, o disco traz clara influência sonora de Marisa Monte, uma das referências da cantora, assim como o pop rock brasileiro e também a MPB feita por mestres como Gil e Caetano. “Uma das cantoras que me influenciou bastante, até com alguns trejeitos,algumas coisinhas que eu brinco na voz, foi a Marisa. Quando eu era pequenininha, comecei a gostar de música ouvindo Whitney Houston, depois cantos gregorianos, depois pagode. O meu pai ouvia só MPB, Gilberto Gil, Caetano, Raul Seixa e a minha mãe me trouxe uma parte um pouco mais do pop americano”, conclui a cantora, que fará show cantando algumas de suas referências musicais e canções autorais no dia 10 de maio na casa Fino da Bossa, em São Paulo (ingressos aqui).