Entre 2021 e 2022 muitos artistas se arriscaram em lançar discos mesmo com a incerteza dos rumos que o mercado tomaria com a escassez de shows por conta da pandemia. Talvez, por força motriz do isolamento forçado, trabalhos marcantes entraram nas plataformas e entre eles está “Dentro da Matrix” de Érico Moreira. Exercendo as funções de cantor, compositor e produtor do disco, o multi-instrumentista foi indicado ao Grammy Latino 2022 por Melhor Álbum de Engenharia de Gravação, competindo com nomes como Liniker e a vencedora da noite, Rosalía, novo fenômeno do pop latino.
‘Dentro da Matrix’, é um álbum provocador que vai contra uma maré de canções criadas milimetricamente para estourar nas redes sociais. A ousadia permeia a construção sonora e as letras, sendo um disco feito para múltiplas audições sem que soe repetitivo.
Produzido, composto e mixado por Érico, o álbum concorreu ao prêmio de “Melhor Álbum de Engenharia de Gravação”. Na mesma categoria, concorreram nomes responsáveis por lançamentos aclamados de Liniker (Zé Nigro e Gustavo Ruiz) e Antonio Adolfo (Marcelo Saboia), além da influente popstar Rosalía (Manny Marroquin / Chris Gehringer). Apesar de não ter levado o prêmio, Érico conta ter se sentido honrado com a indicação, especialmente por estar ao lado de nomes grandes e importantes.
“Recebi a notícia assim que acordei e não foi algo que eu estava esperando. Fiquei impressionado porque fiz o disco todo da minha casa e, mesmo assim, estava ao lado de uma galera renomada, que tem grande estrutura e história”, conta o músico brasileiro radicado em Barcelona. Além disso, o projeto se destaca por ser de fato um projeto autoral que leva o nome de Érico, o que o diferencia dos outros indicados, que contaram com um time robusto de profissionais e mentes criativas atuando em conjunto. “Esse foi o meu segundo álbum autoral e foi muito importante receber essa visibilidade por parte do Grammy”, conclui.
Atuando com música desde os 12 anos de idade, seja fazendo shows ou produzindo em estúdio, Érico tem um histórico que o permitiu se especializar cada vez mais no mundo da música. Com forte influência familiar, ele começou ainda jovem a acompanhar seu pai no palco durante seus shows na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, quando foi morar em São Paulo, não tardou para ter seu primeiro emprego como assistente de um estúdio, trabalhando diretamente com Xuxa Levy (Emicida).
O aprendizado fez com que o músico se aventurasse a produzir seus próprios sons. De repente, Érico já estava assinando a produção de discos e, em paralelo, trabalhando em sua própria carreira de compositor. Nesse tempo, lançou seu primeiro disco (Pindorama, de 2007). Após um tempo, foi morar em Barcelona, onde se consolidou como músico e intérprete tocando em diversas salas de shows, festivais e mais.
Em Barcelona, também teve a oportunidade de produzir e lançar nomes da cena local, mas, quando a pandemia do coronavírus chegou, Érico se inspirou a iniciar um novo projeto próprio e assim nasceu Dentro da Matrix. O disco conta com uma sonoridade fluida que incorpora elementos de neo soul, jazz, MPB e até do funk carioca. Em termos sonoros, exala uma energia tropical e serena. Ao mesmo tempo, liricamente, Érico mostra sua versatilidade ao falar de temas como a libertação de crenças limitantes, amor, espiritualidade e até sobre o modo pelo qual a tecnologia vem sendo utilizada para censurar e controlar cada vez mais as pessoas. Tudo isso evidencia a genialidade e a sensibilidade de Érico para dar vida a uma série de canções.
Sobre seus planos futuros, Érico planeja lançar o primeiro álbum da cantora catalana Marina Tuset, com quem já trabalha há um tempo. No entanto, ele já se sente inspirado para começar a colocar a mão na massa para a concepção de seu terceiro disco. “O lance é ter curiosidade e perseverança. É preciso correr atrás dos seus sonhos. Como diria minha mãe, o sucesso é inevitável!” explica.