Celebridades

Morre Gloria Maria, aos 73 anos

Morre Gloria Maria,  aos 73 anos
Foto: Reprodução

Morreu nesta quarta-feira, 2, aos 73 anos, a jornalista e apresentadora Glória Maria. Ela estava internada, tratando um câncer, mas a causa de sua morte ainda não foi confirmada. Glória deixa duas filhas, Maria e Laura.

A jornalista estava afastada do “Globo Repórter” há mais de três meses, por conta do tratamento. O último programa apresentado por ela foi a edição do dia 5 de agosto de 2022. Ela trabalhava no “Globo Repórter” há 12 anos.

Vida e carreira

Glória Maria Matta da Silva é natural do Rio de Janeiro. Filha de Cosme Braga da Silva e Edna Alves Matta, estudou em escolas públicas ao longo da juventude. Além de inglês, estudou francês e latim, e vencia todos os concursos de redação da escola. Em 1970, foi levada por uma amiga a uma rádio da Globo no Rio.

Além de estar na faculdade de Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), estava em um emprego de telefonista na Embratel. Na Globo, começou como repórter, mas a um estilo em que os jornalistas não eram vistos nas telas.

Sua estreia ocorreu em 1971, na cobertura da queda do viaduto Paulo de Frontin. “Pontifícia Universidade Católica”, relatou Glória. As reportagens podiam ser vistas em vários jornais da casa, como no “Bom Dia Rio” e “RJTV”, além do “Jornal Hoje” e “Jornal Nacional”.

No “JN”, foi a primeira repórter a aparecer ao vivo, cobrindo a posse de Jimmy Carter em Washington e no Brasil, durante o período militar. Em solo brasileiro, tentou entrevistar o ex-presidente João Baptista Figueiredo e foi intimidada por ele em certa ocasião. “Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim”, disse o ex-chefe do executivo.

Em 1986, passou a integrar a equipe do “Fantástico”, onde esteve como apresentadora por 10 anos, entre 1998 e 2007. Seu marco foi em matérias especiais e viagens a lugares exóticos, além de entrevistas de sucesso, como Michael Jackson, Madonna e Leonardo Di Caprio. Em um momento que define como especial a entrevista da cantora, relata a dificuldade do trabalho dos assessores. Ao chegar para a entrevista, foi informada que só tinha quatro minutos.

Foram mais de 100 países viajados por ela para o “Show da Vida”. Fez história, sendo a primeira repórter a entrar ao vivo na primeira matéria em cores, no “Jornal Nacional”, em 1977. “Eu estava dura, rígida, porque não podia errar. Era a primeira entrada ao vivo. Faltavam cinco, dez minutos, era o técnico que ficava com o fone para me dar o ‘vai’. Quando a lâmpada queimou, faltava um minuto para a entrada ao vivo. O jeito foi acender a luz da Veraneio (carro usado pela emissora nas reportagens)”, relatou.

Além da Guerra das Malvinas em 1982 e a invasão da embaixada brasileira no Peru por terroristas em 1996, cobriu grandes eventos esportivos, como os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).

A primeira transmissão em HD também foi com Glória Maria. Em 2007, ao lado de Lúcio Rodrigues, repórter cinematográfico, em reportagem ao “Fantástico” sobre a festa do pequi, fruta de cor amarela adorada pelos índios Kamaiurás, no Alto Xingu.

Depois de uma década na revista eletrônica dominical, tirou dois anos de licença para se dedicar em projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria. Adotou Maria e Laura, e retornou em 2010 para integrar a um novo programa que é titular até hoje.

Com quase 15 anos à frente do “Globo Repórter”, Glória fez história na televisão brasileira, participando de marcos importantes para a comunicação.

“Eu sou uma pessoa movida pela curiosidade e pelo susto. Se eu parar pra pensar racionalmente, não faço nada. Tenho que perder a racionalidade pra ir, deixar a curiosidade e o medo me levarem, que aí eu faço qualquer coisa.”

Com a aposentadoria de Sérgio Chapelin, Sandra Annenberg passou a ser dupla de Maria no programa de viagens e curiosidades. Além do “Globo Repórter”, apresenta a “Retrospectiva” que vai ao ar na última sexta-feira do ano.