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Nego Freeza dá início ao seu primeiro projeto solo com o lançamento do single ”A Gente Pulsa”

Nego Freeza dá início ao seu primeiro projeto solo com o lançamento do single ”A Gente Pulsa”
Foto: Divulgação

Nego Freeza anuncia o início de seu primeiro projeto solo após quase 30 anos de carreira com a banda baiana OQuadro. O single ”A Gente Pulsa” chega no dia 23 de agosto em todas as plataformas de música, abrindo as portas para o álbum  ”Icyerekezo”, nome dado ao satélite lançado em Ruanda, na África, que em Quiniaruanda – língua falada em Ruanda – significa ”Visão”, com o objetivo maior de conectar escolas rurais à internet.  Recheado de simbolismos, ”A Gente Pulsa” é um resgate às forças ancestrais, exaltando os ritmos oriundos do continente africano:

”Cada passo uma peça, no encaixe da dança / Cada nota tocada é uma rima que lança / Maxilar que balança pelos cantores / Enquanto das mãos fazem rufar os tambores / A gente pulsa, pulsa do barro preto / A Kalakuta, de Trenchtown a Manguetown”, diz trecho da track.

”Eu acredito que a música tenha a força de refletir as tradições, valores e experiências de um povo. Ela pode servir como uma ferramenta poderosa para promover a educação popular e a disseminação da cultura, conectando pessoas, transmitindo conhecimento e fortalecendo a identidade cultural de uma sociedade.”, afirma Freeza.

A produção do álbum feita por Pupillo Oliveira também reflete a mensagem que Nego Freeza passa em suas letras. Com o beat ritmado pela força do grave da batida e do baixo, Pupillo eleva o projeto ao fugir dos clichês. Inspirando-se em diversas referências, o produtor traz novas texturas e timbres, construindo uma sonoridade única.

Mais sobre Nego Freeza

Natural de Ipiaú, no interior da Bahia, Ivan Nigro Santos, conhecido como Nego Freeza, acumula em seus 30 anos de carreira, 3 discos e uma mixtape com a banda OQuadro. Músico e ativista cultural, o artista multifacetado é  vocalista, intérprete, letrista e educador popular. Sua atuação era inicialmente concentrada nas cidades do Sul da Bahia, Ipiaú e Ilhéus, partindo de rádios comunitárias e expandindo-se, como intérprete para Salvador e mais recentemente tem circulado por outras cidades do país, em apresentações musicais e em projetos culturais sempre voltados para o fortalecimento das musicalidades negras como oficinas e intervenções em espaços alternativos de educação e cultura. 

O artista coleciona composições e gravações com artistas nacionais como Emicida, Buguinha Dub, Guilherme Arantes, Lourdes da Luz, DJ Dolores, BNegão e internacionais como African Boy. Marcou presença em festivais como o Festival de Inverno de Garanhuns. Vale citar sua participação em festivais internacionais como Roskilde Festival (Dinamarca, 2015) e Bestival (Reino Unido, 2013).

Atualmente, Nego Freeza está na gravadora Cachoeira Music e vem se dedicando a pesquisa musical e estética para a construção de seu primeiro álbum solo. Durante a vigência da pandemia do COVID 19 tem utilizado as redes sociais e plataformas de streaming para promover diálogos, audições e debates, aprofundando seu conhecimento musical e mantendo sua produção artística com foco especial em conectar a Bahia à outras periferias negras no mundo.

Letra

E no toque dos tambores
Com a força de mil tratores
Atropelando os pela que põe preços nos valores do som
Que chegam nos ouvidos pelos fios condutores
O preto sem música, aquarelas sem cores
Rumores que tiram pessoas do rumo
Conversa torta igual parede sem prumo
Eu sei que assumo, se não soma some
Longe de mim quem só me consome
Ao som do afoxé na batida do pé
Marchamos com a força da fé
Então me diz quem tu é, se atua ou se esconde
Covarde se retrai e os de verdade puxam o bonde
Vem no toque do tambor, como Brown falou
Há 6 mil anos até pra plantar
Os preto dança tudo igual sem errar
Cada passo uma peça, no encaixe da dança
Cada nota tocada é uma rima que lança
Maxilar que balança pelos cantores
Enquanto das mãos fazem rufar os tambores
A gente pulsa, pulsa do barro preto
A Kalakuta, de Trenchtown a Manguetown
No começo dos tempos, o tambor ecoou
África mãe, onde tudo começou
Ritmo pulsante, coração que bate
Musicalidade preta, nunca se abate
Desde tempos antigos, nos trazem memória
Histórias do passado, batalhas e glórias
É a linguagem universal que nos une com fervor
A cada batida, um elo, um laço de amor
Tocamos pra descer, pra subir, pra dançar
Tocamos pra agradecer e saudar o orixá
O passado e o futuro se encontram na batida
Tambores digitais, rituais ancestrais como a paz de Oxalá pra vida