Novíssima adaptação do clássico da literatura brasileira “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, o filme “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho” desembarca em Fortaleza dia 19 de novembro, às 18h30, no Cineteatro São Luiz, com entrada gratuita. A primeira exibição será seguida de debate com Beatriz Furtado, Silviano Santiago, Marcelo Magalhães, Max Eluard, Bia Lessa, Luiza Lemmertz e Clara Lessa e mediação de Duarte Dias. Já no dia 21 de novembro, às 18h, Bia Lessa, Luiza Lemmertz e Clara Lessa fazem a abertura da sessão, que seguirá em cartaz no Cinema do Dragão até 24 de novembro.
Com distribuição da Filmes do Estação, dentro do projeto Mãos à Obra, que é apresentado pelo Instituto Cultural Vale através da Lei Federal de incentivo à Cultura, o filme já foi exibido neste modelo em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e São Luís.
Em Fortaleza, a programação conta com o apoio do Cineteatro São Luiz e do Cinema do Dragão, localizado no Centro Dragão do Mar, espaços que integram a Rede Pública de Espaços e Equipamentos Culturais do Ceará (Rece) ligados à Secult Ceará, gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM).
Além dessa sessão especial, Fortaleza também receberá a Oficina Processo Criativo, ministrada por Bia Lessa. Será realizada nos dias 22 e 23 de novembro, no Cinema do Dragão. As inscrições devem ser realizadas aqui. Para finalizar, a Mostra Mãos à Obra também exibirá outras produções audiovisuais pertencentes ao universo de Guimarães Rosa, entre os quais “Mutum”, de Sandra Kogut.
O título do longa-metragem é uma das frases mais famosas do livro, que narra a trajetória do jagunço Riobaldo, enfrentando seus demônios em guerras pelo Sertão mineiro. A produção do longa foi realizada pela 2+3 Produções, em coprodução com a Globo Filmes, Canal Brasil, RioFilme, 2+2 Comunicações e em associação com Quanta, Effects Film e O Grivo.
O filme fez sua estreia mundial no Festival do Rio 2023 e, em seguida, participou de diversos festivais nacionais e internacionais, como a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo de 2023, a 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes, XV Festival Internacional de Cinema da Fronteira, o Festival du Cinéma Brésilien de Paris, a Mostra Cinebrasil Berlim e o Panorama Brasileiro do Cine en El Kirchner e exibição na Universidade de Yale.
“O Diabo na Rua no Meio do Redemunho” é o resultado de um longo trabalho de Lessa com a literatura de Guimarães Rosa. Bia Lessa diz: “Este filme vem do desejo de dialogar com a linguagem cinematográfica da mesma forma que Guimarães estabeleceu um diálogo com a língua portuguesa escrita e oral.” Primeiro, ela fez uma exposição no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com textos do autor. Depois, transformou o livro em peça de teatro, com a parceria do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, em montagem de enorme sucesso de público e de crítica, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio, no SESC, em São Paulo e em várias capitais brasileiras. E, durante a pandemia, entre 2020 e 2022, retrabalhou as histórias de Riobaldo, desta vez para o cinema, com os mesmos atores da peça. O elenco reúne Caio Blat, Luiza Lemmertz, Luisa Arraes, Leonardo Miggiorin, Clara Lessa, José Maria Rodrigues, Lucas Oranmian, Daniel Passi, Elias de Castro e Balbino de Paula.
Na tela do cinema, os atores transitam por um espaço sem referências geográficas nem fronteiras. Se no teatro os personagens estavam aprisionados numa jaula construída por Paulo Mendes da Rocha e Camila Toledo, na tela do cinema eles perambulam num vazio acinzentado, atordoados entre o delírio, a memória, a fúria e a paixão. São personagens de um sertão onde a ferocidade das emoções é o que há de concreto diante do trágico da vida intensamente vivida. O sertão imaginário de Lessa, como o de Guimarães Rosa, expõe as encruzilhadas da tragédia na representação do mundo como lugar de dúvidas dilacerantes. Neste sertão nebuloso, o próprio cinema, como suporte para apreensão da realidade, é posto em questão por uma metafísica que desafia os limites da linguagem.
“O Diabo Na Rua no Meio do Redemunho” é a quarta incursão pelo audiovisual de Bia Lessa, depois dos longas-metragens “Crede-mi” (de 1996, dirigido em parceria com Dany Roland), de “Então Morri” (de 2016, outra parceria com Dany Roland) e de uma série audiovisual, a trilogia “Cartas ao Mundo” (pesquisa autoral de Bia em torno da linguagem cinematográfica de Glauber Rocha). Lessa é uma artista multimídia com uma extensa produção e já trabalhou com teatro, ópera, exposições, shows, desfiles de moda, videoarte, instalações, além de performances e trabalhos de curadoria para museus e bienais. Atualmente, prepara o Pavilhão do Brasil para a Expo 2025 em Osaka.
Sinopse:
Riobaldo, um jagunço (cangaceiro ou pistoleiro) revive sua vida turbulenta no sertão. Ele relata suas experiências como membro de dois bandos inimigos entre si, um bando liderado por Joca Ramiro e o outro, por Zé Bebelo. Posteriormente, assume a liderança do bando após a morte de Ramiro. O enredo é marcado pela presença de um personagem enigmático chamado Diadorim, que se torna o grande amor de Riobaldo e despertando neste inúmeras questões: “Aonde está o Demo? Está fora ou dentro do homem? Como um homem pode amar outro homem? Coração da gente – o escuro, escuros…” Diadorim é um mistério constante para Riobaldo e a verdadeira identidade de Diadorim é revelada apenas no clímax da história.
A narrativa é não linear, com reflexões filosóficas entrelaçadas com cenas detalhadas da vida e das batalhas sangrentas no sertão, incluindo crenças populares, lendas e tradições. No cerne estão as questões de dualidade, ambiguidade e conflito interior. Riobaldo constantemente lida com escolhas morais e dilemas éticos, enquanto busca entender seu lugar no mundo e sua própria natureza. A relação entre Riobaldo e Diadorim simboliza muitos desses temas, explorando a complexidade da identidade, gênero e afetos profundos.
Sobre Bia Lessa
Bia Lessa, artista multimídia brasileira, autodidata, realizou trabalhos nas áreas de cinema, teatro, música, ópera, instalações, exposições, museus e arquitetura. Em cinema, realizou três longas-metragens: “Crede-mi”, a partir da obra “O Eleito”, de Thomas Mann, “Então Morri”, prêmio de melhor longa-metragem na categoria Novos Rumos do Festival do Rio, e o filme “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”, a partir da obra de João Guimarães Rosa, com o qual participou do Festival do Rio 2023. Realizou a minissérie “Cartas ao Mundo”, a partir da obra de Glauber Rocha, um documentário intitulado “Scar”, sobre a violência contra a mulher, para o Southbank Centre em Londres, e “Casa de Bonecas”, de Ibsen. Seus espetáculos e filmes foram apresentados no Centre Georges Pompidou em Paris, no Festival de Outono de Madri, no Festival Theater der Welt na Alemanha, no Festival de Cinema Berlinale em Berlin, no Sommer Theater Festival, em Hamburgo, no Sigma Festival, em Bordéus, no Zurcher Theater Spektakel, em Zurique, no Festival Internacional de Teatro de Caracas, no Festival des Ameriques, em Montreal, no Festival Dumaurier, em Toronto, no Festival de Cadiz e no Festival de Cinema de São Francisco, Biarritz, Shangai, Jerusalém, Calcutá, Praga, Brisbane, Munique, Colônia, Dusseldorf, Nova York etc. Seus primeiros trabalhos em teatro não tinham nomes, e sim números: “Ensaio Número 1”, “Ensaio Número 2” e assim sucessivamente, reforçando a ideia de um pensamento que se desenvolve a partir do raciocínio anterior. Sua trajetória cênica foi calcada por espetáculos experimentais, desenvolvendo um trabalho de pesquisa rigoroso que privilegiou levar à cena obras literárias. Montou, ao longo de sua trajetória, grandes obras literárias, como “Os Possessos”, de Dostoiévski, “O Homem Sem Qualidades”, de Robert Musil, “Orlando”, de Virginia Woolf, “A Terra dos Meninos Pelados”, de Graciliano Ramos, “A Tragédia Brasileira”, de Sergio Sant’Anna, “Viagem ao Centro da Terra”, de Júlio Verne, “A Cena da Origem”, transcrição de Haroldo de Campos de trechos da Bíblia Sagrada (Eclesiastes e Gênesis). Recentemente, montou “Macunaíma”, de Mario de Andrade, “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, e “Pi – Panorâmica Insana”, a partir das obras de autores contemporâneos.
Realizou importantes exposições, entre elas “Grande Sertão: Veredas” no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a exposição “Claro e Explícito” e “Itaú Contemporâneo”, no Instituto Cultural Itaú e a exposição “Barroco Brasileiro”, na Bienal do Redescobrimento. Realizou no Salão Nobre da ONU a performance “The Second Unveiling”, a partir do painel “Guerra e Paz”, de Candido Portinari. Fez a exposição-manifesto “Cartas ao Mundo”, um tríptico dividido em três capítulos – “Asfixia”, “Mercadoria” e “O Comum” –, a partir da obra de Glauber Rocha.
Criou o “Pavilhão do Brasil” na Expo 2000 em Hannover, Alemanha e o “Pavilhão Humanidade 2012”, com Carla Juaçaba, durante a Rio +20, no Rio de Janeiro. Participou da criação dos museus Paço do Frevo, em Recife, e do Museu Casa de Cultura de Paraty. Inaugurou o Museu da Língua Portuguesa, com a exposição “Grande Sertão: Veredas”. Montou as óperas – “Il Trovatori”, “Aida”, “Don Giovanni”, “Cavalleria Rusticana”, “Pagliacci” e “Suor Angelica” nos Teatros Municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo.
O projeto MÃOS À OBRA
O projeto Mãos à Obra acontece nas cidades com intervenções artísticas, palestras, oficinas, vídeos e filmes a partir da obra “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, com concepção de Bia Lessa. As palestras e debates abordarão diferentes aspectos da obra, como sua linguagem, temáticas, além de explorar o processo criativo de Bia Lessa. As oficinas, por sua vez, oferecerão oportunidades de aprendizado e experimentação para os participantes. Os filmes exibidos que compõem a Mostra Mãos à Obra serão “Onde Nascem as Ideias”, de Carolina Sá, produzido pela Samba Filmes, viabilizado pelo Curta! com financiamento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), “Mutum”, de Sandra Kogut, as obras de Suzana Macedo “Poema desentranhado de uma nota de rodapé” e “Seres, Coisas, Lugares”, “A Terceira Margem do Rio”, de Nelson Pereira dos Santos, e “Outras Estórias”, de Pedro Bial. As palestras, os debates, as oficinas e exibições de longas, curtas, documentários e making of serão gratuitas. Mão à Obra é apresentado pelo Instituto Cultural Vale, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. @institutoculturalvale e usar as hashtags #InstitutoCulturalVale e #Cultura. Em Fortaleza, a programação conta com o apoio do Cineteatro São Luiz e do Cinema do Dragão, localizado no Centro Dragão do Mar, espaços que integram a Rede Pública de Espaços e Equipamentos Culturais do Ceará (Rece) ligados à Secult Ceará, gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM).
Programação Especial – Fortaleza
Dia 19/11, terça, às 18h30 – Pré-estreia de Fortaleza – entrada gratuita
Exibição de “O Diabo na Rua no Meio de Redemunho”*, seguida de debate com Beatriz Furtado, Silviano Santiago, Marcelo Magalhães, Max Eluard, Bia Lessa, Luiza Lemmertz, Clara Lessa e mediação de Duarte Dias.
Local: Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500 – Centro).
Dia 21/11, quinta, às 18h – ingressos a preços regulares
Exibição de “O Diabo na Rua no Meio de Redemunho”*, abertura da sessão com Fabio Rodrigues, Bia Lessa, Luiza Lemmertz e Clara Lessa.
Local: Cinema do Dragão – sala 1 – R. Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema, Fortaleza – CE
*”O Diabo na Rua no Meio de Redemunho” exibições nos dias 22, 23 e 24 (sexta, sábado e domingo), às 19h40.
Mostra Mãos à Obra – entrada gratuita
Dia 21/11, quinta, às 14h: ONDE NASCEM AS IDEIAS e 15h20 – SERES COISAS + POEMA DESENTRANHADO
Dia 22/11, sexta, às 14h: MUTUM
Dia 23/11, sábado, às 14h: OUTRAS ESTÓRIAS
Dia 24/11, domingo, às 14h: TERCEIRA MARGEM
Local: Cinema do Dragão – sala 1 – R. Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema, Fortaleza – CE