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PF descobre documento que liga Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, aos bloqueios da PRF no 2º turno

PF descobre documento que liga Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, aos bloqueios da PRF no 2º turno
Foto: Reprodução

As investigações da Polícia Federal sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado no país descobriram um documento de inteligência, produzido pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O documento se trata de um mapa detalhado dos locais onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu o primeiro turno das eleições de 2022. Segundo a apuração dos agentes da PF, o objetivo era impedir que os eleitores dessas regiões chegassem aos locais de votação.

A informação foi divulgada no domingo (2), pelo jornal O Globo. O relatório teria sido produzido pela então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a delegada federal Marília Alencar, que, posteriormente, se juntou a Torres na Secretaria de Segurança do Distrito Federal como subsecretária de Inteligência.

Para os investigadores, o material elaborado por Marília serviu para que o ex-ministro colocasse em prática um plano para atrapalhar a votação e autorizou a operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no segundo turno da corrida presidencial. Em 30 de outubro, eleitores de municípios do Nordeste — onde Lula teve mais votos do que Jair Bolsonaro — usaram as redes sociais para denunciar ações da PRF, nas estradas da região, para retardar o trânsito rumo às zonas de votação.

No dia em que ocorreu o 2º turno, foram relatadas centenas de denúncias de barricadas da PRF em vários pontos para causar a retenção da movimentação de veículos. A PF abriu um inquérito para investigar a atuação de Silvinei Vasques, então diretor-geral da PRF, no caso — os bloqueios foram suspensos depois que ele foi ameaçado de prisão pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É também averiguada a conduta omissa de Silvinei nos bloqueios de rodovias federais por bolsonaristas.

O avanço das investigações complica a situação de Anderson Torres. Ele está preso desde os atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília, e, em sua casa, a PF encontrou a minuta golpista — que, em depoimento, ele classificou como “lixo”. O documento defendia a decretação de Estado de Defesa no TSE para mudar o resultado da eleição presidencial e dar a vitória a Bolsonaro.

Prisão

Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do DF, está preso no âmbito da investigação sobre possível omissão durante a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, por bolsonaristas radicais. Ele está detido nas instalações do Batalhão de Aviação Operacional, no 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM) do Distrito Federal.

No dia dos atentados, Anderson Torres viajava para os Estados Unidos. Ele foi preso em 14 de janeiro, ao voltar para o Brasil. Em 1º de março, Alexandre de Moraes indeferiu pedido da defesa do ex-secretário de Segurança Pública pela revogação da prisão.

O ministro considerou não haver, no momento, “como dissociar as condutas omissivas de Anderson Gustavo Torres dos atos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023, com ataque às instituições democráticas e depredação e vandalismo dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes”.