Você pode não saber, mas em junho comemora-se no Brasil o Mês da Diversidade LGBQTIAP+. Nos cinemas, diversos filmes exploram com bastante profundidade o universo, mostrando detalhes e desmitificando algumas informações.
Além das críticas, o cinema incorpora da forma mais simplória possível o amor, que pode ser vivido por um ou mais indivíduos independente de gênero, etnia, classe social ou nível de escolaridade.
Segundo o Dicionário Michaelis, que encontra alguns diferentes significados para a palavra amor, o substantivo pode ser definido como: “Grande afeição que une uma pessoa a outra, ou a uma coisa, e que, quando de natureza seletiva e eletiva, é frequentemente acompanhada pela amizade e por afetos positivos, como asolicitude, a ternura, o zelo etc.; afeto, devoção.”
Apesar de simples, o conceito de amor não é literal e pode ser interpretado de diferentes maneiras por cada uma das pessoas. Em meio à intolerância, o Mês da Liberdade LGBTQIAP+ é importante para reafirmar a igualdade, promovendo tolerância e, acima de tudo, respeito ao próximo.
Estatisticamente, embora abrigue o maior evento voltado ao público LGBTQIAP+ do mundo, a Parada Gay de São Paulo, o Brasil é o país que mais mata pessoas assumidamente gays, lésbicas ou transsexuais. Se formos analizar o cerne da questão, os cinemas mudaram sua percepção ao retratar personagens, indo além dos estereótipos que devem ser rechaçados. Como um sinônimo de igualdade, vemos o cinema integrando cada vez mais, não apenas personagens LGBTQIAP+ como atores e atrizes LGBTQIAP+ em suas produções.
Você já viu algum filme com tema LGBTQIAP+? O Plantão Cinéfilo lista uma série de produções incríveis disponíveis nas mais diversas plataformas de streaming:
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014) – Netflix
Contando uma história de amor, mas de forma sublime, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” é muito mais que um filme com temática LGBTQIA+. O tema, aliás, fica como pano de fundo para uma verdadeira jornada de descoberta. O protagonista Leonardo (Ghilherme Lobo), um adolescente cego, tenta lidar com a mãe superprotetora ao mesmo tempo em que busca sua independência. Quando Gabriel (Fábio Audi) chega em seu colégio, novos sentimentos começam a surgir em Leonardo, fazendo com que ele descubra mais sobre si mesmo e sua sexualidade.
O longa conta com direção, produção e roteiro de Daniel Ribeiro e fez sua estreia no Festival de Cinema de Berlim, onde se sagrou vencedor dos prêmios “FIPRESCI Prize – Melhor Filme da mostra Panorama” e “Teddy Award – Melhor Filme com temática LGBT”, além de alcançar o segundo lugar como “Melhor Filme – Prêmio.
O filme foi aclamado em outros lugares do mundo, vencendo prêmios nos Estados Unidos, Japão, Itália, Grécia e Suécia. O reconhecimento também aconteceu no Brasil, onde venceu prêmios importantes, como o “SESC Film Festival”, o “Grande Prêmio do Cinema Brasileiro” e o “Prêmio Quem de Cinema”.
Azul é a Cor Mais Quente (La vie d’Adèle) (2013) – Netflix
Indicado para maiores de 18 anos, “Azul é a Cor Mais Quente” (“La vie d’Adèle”) é um filme adaptado do livro francês “Le bleu est une couleur chaude”. Na trama, Adèle (Adèle Exarchopoulos) é uma adolescente que enfrenta os desafios da chegada da maturidade. Sua vida toma um rumo inesperado ao conhecer Emma (Léa Seydoux), uma encantadora garota de cabelo azul, com quem começará uma intensa relação e uma viagem de descobertas e prazer.
O filme, com cerca de 3 horas de duração, passa por diferentes estágios do aflorar dos sentimentos da protagonista em meio aos medos e anseios provocados pela própria sociedade. Ao se descobrir – e posteriormente se permitir -, a protagonista se depara com uma nova realidade.
Lançado em 2013 no Brasil, “Azul é a Cor Mais Quente” estreou no Festival de Cannes no mesmo ano, onde se sagrou vencedor do principal prêmio, a Palma de Ouro. Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux também se consagraram no evento, alçando seus respectivos nomes a nível mundial. Além disso, “La vie d’Adèle” foinomeado ao Globo de Ouro 2013 de melhor filme em língua estrangeira e ao BAFTA Award para melhor filme em língua não inglesa.
Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016) – HBO Max
Com roteiro e direção assinada por Barry Jenkins, “Moonlight: Sob a Luz do Luar” é um filme bastante visceral. Lançado em 2016, o filme apresenta três etapas na vida de Chiron (Trevante Rhodes), o personagem principal, explorando as dificuldades que ele enfrenta no processo de reconhecimento de sua própria identidade e sexualidade, e o abuso físico e emocional que recebe ao longo destas transformações.
Fora o tema pertinente, contado de uma maneira muito sublime, o filme ganhou notoriedade mundial após uma grande confusão no Oscar de 2017. Vencedor na categoria “Melhor Filme”, só se consagrou após correção dos apresentadores. Inicialmente, ao vivo para todo o mundo, o filme “La La Land” foi erradamente anunciado pelos apresentadores. Na mesma edição da premiação, o ator Mahershala Ali levou para casa a estatueta na categoria “Melhor Ator Coadjuvante”e Barry Jenkins e Tarell Alvin McCraney venceram como “Melhor Roteiro Adaptado”.
Mariposas Verdes (2017) – Prime Vídeo
Integrante colombiano da lista, “Mariposas Verdes” é um filme que hoje dos clichês em meio a um tema bastante complexo. Focado no público teen, o filme conta com direção de Gustavo Nieto Roa . O longa, baseado em histórias reais, acompanha a vida de Mateo (Deivi Duarte), um jovem gay que se apaixona por Daniel (Kevin Bury). Quando todos descobrem seu relacionamento, ele tem que tomar uma decisão importante: Lutará por seu direito à liberdade de expressão e amor ou se renderá por toda a sua vida?
Holding the Man (2015) – Netflix
Com direção de Neil Armfield, o filme australiano “Holding the Man” é baseado em fatos reais e usa como ponto de apoio os escritos de Timothy Conigrave, de 1985. No longa, John (Craig Stott) era o capitão do time de futebol, e Tim (Ryan Corr) um aspirante a ator fazendo um pequeno papel na peça Romeo e Julieta. 15 anos depois, a vida os pregou algumas duras peças nos dois, passando por separações, discriminação, tentações, ciúmes e as perdas. Até que o destino acabou tomando um caminho inesperado.
“Holding the Man” recebeu diversos prêmios na Austrália, dentre eles o Prêmio da Associação Australiana dos Críticos de Cinema 2016 onde Ryan Corr venceu na categoria “Melhor Ator”. Além disso, o longa foi indicado a Melhor Filme, Direção, Ator Coadjuvante (Anthony LaPaglia) e Roteiro.
A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl) – Star+
Na Copenhague de 1926, os artistas Einar (Eddie Redmayne) e Gerda Wegener (Alicia Vikander) se casam. Gerda então decide vestir Einar de mulher para pintálo. Einar começa a mudar sua aparência, transformando-se em uma mulher, e passa a se chamar de Lili Elbe. Com o apoio, ainda que conturbado, da esposa, um Einar deprimido passa por uma das primeiras cirurgias de mudança de sexo da história para tentar se transformar por completo em Lili e recuperar o gosto pela vida.
Mostrando a triste realidade e sob preconceito da sociedade, Einar se torna a primeira mulher trans a realizar uma cirurgia de readequação de gênero, como é conhecido o procedimento erradamente chamado como “mudança de sexo”. Lidando com complicações, o desfecho explora em detalhes a vida de uma mulher transsexual no início do século XX.
Apesar de retratar um tema amplamente necessário na sociedade, “A Garota Dinamarquesa” recebeu críticas por colocar um homem cisgênero no papel principal. Apesar disso, Eddie Redmayne recebeu indicações ao Oscar, BAFTA e Globo de Ouro em 2016, não vencendo nenhum dos prêmios. No entanto, a atriz Alicia Vikander levou o Oscar na categoria “Melhor atrizcoadjuvante”.
Bixa Travesty (2018) – Globoplay
Estrelado por Linn da Quebrada, “Bixa Travesty” é um documentário que mostra a vida da artista por trás dos holofotes. Assumidamente travesti, Lina Pereira dos Santos, de 31 anos, ganhou notoriedade nacional ao expor sua vida em participação na última edição do “Big Brother Brasil”.
Com uma voz potente, Lina já dava seus passos em meio a gritos de igualdade em suas músicas. “Bixa Travesty” é um retrato de seu trabalho de sobrevivência diária. Mulher transsexual, preta e da periferia. Em meio ao preconceito, Linn da Quebrada se reafirma em busca do reconhecimento. “Ela” é seu pronome correto, que esta estampado em sua face em forma de tatuagem.
Forte e explosivo, o documentário venceu absolutamente todos os prêmios que disputou, sendo reconhecido no Festival de Cinema de Berlim, com o Teddy Award de Melhor Documentário, Festival de Cinema de Toronto, na categoria “Inovação – Inside Out” e Festival Internacional de Cinema de Cartagena.
Me Chame pelo seu Nome (Call me by Your Name) (2017) – Globoplay
Antes de se envolver com polêmicas em sua vida pessoal, Armie Hammer é o protagonista de “Me Chame Pelo Seu Nome” junto ao ator Timothée Chalamet.
O longa, gravado na Itália, mostra a vida de Elio (Timothée Chalamet), um italiano judeu de 17 anos, vive com os seus pais na zona rural do Norte de Itália. O pai de Elio, professor de arqueologia, convida um estudante de 24 anos, Oliver (Armie Hammer), que também é judeu, a viver com a família durante o Verão e a ajudar com a sua papelada académica. Elio, um bibliófilo introspectivo e músico talentoso, pensa inicialmente que tem pouco em comum com Oliver, que parece confiante e despreocupado.
No entanto, com o passar do tempo embalado por longas caminhadas pela cidade, os personagens acabam desenvolvendo uma relação de carinho e afeto. O sentimento faz despertar vontades, que são exploradas pelos personagens. Sucesso de crítica pela forma leve e perspicaz com que se relaciona a respeito das descobertas amorosas dos personagens, ”Call Me by Your Name” foi selecionado pelo National Board of Review e pelo American Film Institute como um dos 10 melhores filmes do ano.
Por fim, liderou a lista de indicações ao Independent Spirit Awards, conquistando seis prêmios, entre eles Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Cinematografia e Melhor Edição. E recebeu ainda indicações ao Globo de Ouro nas categorias “Melhor filme de Drama”, “Melhor Ator em filme de Drama” para Chalamet e “Melhor Ator Coadjuvante” para Hammer.