Música

Prettos lança álbum mais autêntico da carreira

Olhar para dentro de si e explorar todas as habilidades internas tem sido um grande diferencial e uma grande ferramenta para os artistas nos últimos tempos. O momento pede reinvenção e Magnu Sousá e Maurílio de Oliveira (Prettos) decidiram embarcar em uma jornada de autoconhecimento artístico assinado a duas mãos: o segundo álbum intitulado Novo Viver, que chega em todas as plataformas na quinta, dia 9 de julho. A dupla também realiza a primeira apresentação do novo trabalho em uma live realizada no mesmo dia, às 20h, no canal dos Prettos no YouTube. Os irmãos, além de assinarem a maioria das composições do CD, também foram responsáveis por todo o processo de concepção, arranjos, gravação, edição, instrumentação e pós produção, trazendo participações especiais apenas dos músicos Luizinho 7 Cordas no violão de 7 cordas, Léo Carvalho na bateria e Cassiano Andrade na cuíca, repinique e congas.

Primeira faixa do álbum, Novo Viver é um samba exaltação composto em 2001 pela dupla, inspirado na gratidão aos velhos e novos sambistas que carregam e defendem a bandeira do gênero. Dona Do Poder, samba de partido alto sincopado composto em parceria com Peu Cavalcante e Marcelo Mattos, fala de uma garota cortejada e desejada por sua extrema beleza, exuberância e, mais do que tudo, pela sua liberdade de ser o que deseja ser. Um marco na carreira da dupla, Sempre Acesa ganha uma releitura no novo trabalho. Composta por Luiz Carlos da Vila e Sombra para o primeiro álbum do Quinteto em Branco e Preto, a canção contou com a participação especial da madrinha Beth Carvalho na primeira gravação no ano 2000. Cabrochinha, samba de partido alto sincopado, homenageia a conhecida “cabrocha”, termo famoso no samba como maneira carinhosa e malandriada de apelidar as mulheres que o frequentam.

Patrimônio Da Humanidade foi composta após o samba carioca ser declarado como Patrimônio Cultural do Brasil, o que incentivou a dupla a ir em busca do mesmo reconhecimento para a cidade de São Paulo, já que essa é uma cultura tão presente em toda a realidade brasileira. Foi assim que o CONPRESP declarou o samba urbano de São Paulo como Patrimônio Imaterial, rendendo aos Prettos a direção artística do inesquecível show realizado com grandes nomes do Samba Brasileiro no Theatro Municipal de São Paulo. Se Páh é a corruptela da dúvida, do “talvez”, “quem sabe”, “de repente”, termo muito usado nas periferias e quebradas, resguardado nos corações daqueles que sofrem ao final de um relacionamento e se pegam perdidos, sem rumo para seguir. Composta em parceria com Nei Lopes, um Griô dos Baluartes da Cultura Negra, Xequeré simboliza o legado do povo africano e suas tradições, além de prestar suas homenagens ao povo baiano, muito bem embalado e chacoalhado. Outra canção romântica da dupla Magnu e Maurilio da safra de 1993, Chama foi inspirada a partir dos famosos grupos de samba e pagode que tocavam no rádio naquele tempo, como Fundo de Quintal, Sensação, Katinguelê, Negritude Jr, Gr. Sampa, Pé de moleque, Reinaldo e outros.

Reveses é uma conversa com Deus em que os autores – Maurilio de Oliveira e Edvaldo Galdino – pedem clemência ao homem que, por sua vez, destrói a mãe natureza a partir de seus interesses materiais. Maria Não Volta Mais, composta por Nino Miau e Chapinha, é um samba de partido alto que conta a história da virada de jogo de Maria, esposa rejeitada e dispensada pelo marido prepotente. Uma cantiga de amigo, Desfez De Mim apresenta um eu-lírico feminino com um sentimento vingativo por conta de uma traição, traçando um paralelo de inspiração com importantes músicas: “Gota d’água” (Chico Buarque), “Lama” (Mauro Duarte) e “Planta Imortal” (Serafim Adriano). Para fechar o álbum, a canção Quintal Dos Prettos homenageia o projeto homônimo idealizado por Magnu Sousá, Maurílio de Oliveira e Margareth Valentim. Sem utilizar aparatos tecnológicos e sonorização profissional, o Quintal é muito mais que uma simples roda de samba: é um aparelho de conscientização que exerce um papel fundamental de cidadania na sociedade, incentivando a arte, o empreendedorismo, a inicialização musical, afirmação cultural e, é claro, o entretenimento por meio da raiz do samba.

Bento Andreato é o responsável pela capa do álbum, seguindo o legado de seu pai, o mestre Elifas Andreato, reconhecido artista plástico e ilustrador de inúmeras capas de discos de vinil nos anos 70.

SOBRE PRETTOS

Magnu Sousá e Maurilio de Oliveira são cantores, instrumentistas, compositores, arranjadores, atores e produtores. Juntos, completam 25 anos de trajetória na música popular brasileira, com colaborações de nomes como Beth Carvalho (madrinha da dupla), Maria Rita, Diogo Nogueira, Jair Rodrigues, Emicida, Paulo Miklos e muitos outros. Os irmãos integraram o grupo Quinteto em Branco e Preto por 18 anos e fundaram, no ano 2000, o projeto Comunidade Samba da Vela, movimento de grande expressão na cena do samba brasileiro, espelho e referência para o surgimento de mais 100 comunidades de samba no país. A intenção dos irmãos é clara: manter viva a tradição do samba.

Ao longo da carreira, a dupla realizou várias parcerias em projetos que vão do tradicional samba de raiz até gafieira, orquestras sinfônicas, hip hop, samba rock, pagode e pop, sempre contextualizando o samba em suas diferentes vertentes. Além disso, também realizou projetos de shows de tributo, como o mais recente Obrigado, Clementina, idealizado pelo cantor Emicida com direção musical de Magnu e Maurilio, com roteiro em homenagem a Clementina de Jesus.

O Quintal dos Prettos, idealizado pelos irmãos Magnu Sousá e Maurílio de Oliveira, é conhecido por trazer ao público uma atmosfera das antigas rodas de samba da década de 1980 e tem o objetivo unir as pessoas para ampliar o diálogo, a tolerância, o respeito e promover uma sociedade harmoniosa para todos os apaixonados pelo samba.  A roda é formada por 12 conceituados músicos paulistas: Fernando Neninho, Richard Sousa, Roger Toddy, Rafael Moreira, Luizinho Ramos, Ulisses Sousa, Jardel, Fábio Gazzu e Nenê P.N.O. O projeto ganhou o seu primeiro registro audiovisual intitulado Quintal dos Prettos Ao Vivo, que recebeu convidados ilustres da música como Maria Rita, Emicida, Arlindinho, Salgadinho e Fred Camacho.