O governo do Reino Unido demitiu nesta quinta-feira (11) o embaixador britânico nos Estados Unidos, Peter Mandelson, após a divulgação de documentos que revelam sua relação próxima com o criminoso sexual condenado Jeffrey Epstein. A decisão ocorre em meio à pressão política enfrentada pelo primeiro-ministro Keir Starmer.
Mandelson, de 71 anos, foi um dos principais nomes do Partido Trabalhista durante o governo de Tony Blair, sendo conhecido como o “Príncipe das Trevas” por sua atuação nos bastidores. No entanto, a publicação de cartas e e-mails entre ele e Epstein nos últimos dias tornou insustentável sua permanência no cargo diplomático mais importante do país.
Entre os documentos, está uma carta em que Mandelson supostamente se refere a Epstein como “meu melhor amigo”. Outras mensagens indicam que o embaixador teria aconselhado o empresário a buscar a libertação antecipada após ser acusado de aliciamento de menores.
“Diante das informações adicionais contidas nos e-mails escritos por Peter Mandelson, o primeiro-ministro solicitou ao Secretário de Relações Exteriores que o retirasse do cargo de embaixador”, informou o Ministério das Relações Exteriores britânico em nota. A pasta acrescentou que a profundidade da relação entre ambos era “substancialmente diferente” da conhecida no momento de sua nomeação.
Na quarta-feira (10), Mandelson declarou que se arrependia de ter mantido laços com Epstein “por muito mais tempo do que deveria”, mas a revelação de novos e-mails levou à sua saída imediata.
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Escândalo Jeffrey Epstein
Jeffrey Epstein foi um financista norte-americano que, durante décadas, construiu uma rede de poder e influência envolvendo políticos, empresários e celebridades. Ele foi acusado de exploração sexual de menores, tráfico sexual e de manter uma rede de aliciamento que levava jovens e adolescentes, algumas com menos de 14 anos, para sua mansão em Nova York, em Palm Beach (Flórida) e em uma ilha particular no Caribe.
Em 2008, Epstein chegou a um controverso acordo judicial na Flórida, que lhe garantiu uma pena branda de 13 meses em regime semiaberto, apesar das graves acusações — acordo que mais tarde seria duramente criticado como um exemplo de favorecimento judicial a poderosos.
Foi preso novamente em julho de 2019, acusado de tráfico sexual de dezenas de menores. Um mês depois, foi encontrado morto em sua cela, em Nova York, em circunstâncias oficialmente registradas como suicídio por enforcamento, mas cercadas de teorias de conspiração devido à sua ligação com figuras influentes, como Bill Clinton, Donald Trump, o príncipe Andrew e outros nomes da elite global.
O escândalo teve desdobramentos internacionais, expondo redes de abuso e encobrimento, além de gerar processos contra cúmplices, incluindo Ghislaine Maxwell, ex-parceira de Epstein, condenada em 2021 por tráfico sexual e participação ativa no aliciamento das vítimas.
O caso permanece como um dos maiores escândalos de abuso sexual e tráfico humano ligados à elite política e financeira mundial.
















































