Se a ideia era incendiar o público do The Town, Duda Beat trouxe apenas fósforos molhados. A pernambucana subiu ao palco nesta sexta-feira (12) diante de uma plateia reduzida — e proporcionalmente apática. A energia entre artista e público parecia um pacto silencioso de indiferença: ninguém ali estava realmente disposto a se animar.
Voz, ela tem. Nos graves, soou firme. Já nos agudos, o esforço ficou evidente, principalmente no cover desajeitado de “Wuthering Heights”, de Kate Bush, que soou mais como karaokê de fim de festa do que como homenagem ousada. No palco, Duda parecia alheia ao próprio show, como se estivesse testando o setlist em um ensaio aberto.
O mais curioso é que essa postura soa quase irônica para quem, em 2018, estourou com “Bixinho” e parecia um sopro fresco no pop brasileiro. Hoje, suas novas músicas se diluem em uma massa genérica que pouco empolga — nem ela, nem os fãs. Prova disso foi a cena constrangedora de boa parte do público sentado, batendo papo, ignorando a apresentação. O entusiasmo só ensaiou uma aparição em faixas conhecidas, como “Tangerina”, “Bedi Beat” e o já citado hit de estreia.
Nem mesmo os truques de cena salvaram. A entrada do ator Renato Góes durante “Todo Carinho” arrancou gritinhos da plateia, mas foi tão aleatória que mais parecia estratégia de novela do que de show.
O repertório trouxe músicas de “Tara e Tal” (2024), um disco que nunca encontrou eco no público — nem no Spotify, nem no festival. O recém-lançado EP “Delírio vil. 1” também esteve presente, mas passou despercebido, como se fosse trilha sonora de elevador.
Entre bailarinos competentes e figurinos brilhantes, o contraste ficou ainda mais evidente: tudo cintilava em volta, menos a própria Duda.
No fim, a apresentação deixou uma sensação incômoda: a de que assistimos a uma artista promissora em 2018 tentando, em 2025, se reencontrar — mas tropeçando em músicas burocráticas e em uma performance desinspirada. O público, ao que parece, já percebeu.




















































