Há exatos 30 anos atrás, no dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou que a homossexualidade não poderia continuar na lista de distúrbios mentais da Classificação Internacional de Doenças por se tratar de personalidade e forma manifestação de cada indivíduo. Com isso, esse dia se tornou um marco histórico para a comunidade LGBTQ+ e é comemorado hoje, o Dia Internacional Contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia.
Desde então, a data visa conscientizar a população sobre a luta contra a discriminação dos homossexuais, transexuais e transgêneros.
Em razão de ódio e discriminação, a homofobia ainda é um preconceito enfrentado pela comunidade LGBTQ+ e causador de grandes perdas e tragédias envolvendo milhares de pessoas no Brasil e no mundo.
De acordo também com o site Você S/A, a revista Spartacus, especializada na comunidade, mostrou uma pesquisa em que o Brasil caiu da 58ª posição para 69ª no ranking de países mais seguros para os indivíduos LGBTQ+ em uma lista de 197 das nações. A insegurança e o medo de viver em sociedade não é atoa.
Quem contribui na luta contra esse preconceito por meio da arte é a atriz Priscilla Pugliese, protagonista de grandes webséries de sucesso mundial que abordam a representatividade LGBTQ+ na história da trama. A primeira série protagonizada pela atriz a retratar o assunto foi “Entre Duas Linhas”, produzida no final de 2016 e lançada em 2017. Em seguida, viveu a história de Fernanda, em “A Melhor Amiga da Noiva”, produção que se tornou a websérie de temática LGBTQ+ mais assistida da América Latina. As duas produzidas pela Ponto Ação Produções, produtora de audiovisual independente fundada por Priscilla e mais 2 amigos.
Além dessas, já protagonizou The Stripper, também da Ponto Ação, e atuou na segunda temporada da websérie Magenta, da Linha Produções.
“O meu sonho é um dia não ter que lutar contra a homofobia. Desejo que um dia possamos viver assim como qualquer outra pessoa. Tento trazer na arte uma luta e retratação natural. Precisamos mostrar que está tudo bem sermos quem quisermos ser, mas não acho que tem que haver manifestações grosseiras e violentas. Eu, por exemplo, achei na arte uma forma de trazer essa normalidade para as pessoas e dar voz a elas”, conta Priscilla.
Em 2018 a comunidade LGBTQ+ se sentiu desamparada ao ver o governo atual ser eleito, principalmente por ouvir tantos discursos de ódio e preconceito do Presidente da República e demais indivíduos do seu governo e eleitores do mesmo.
Logo, em 2019 também foram realizadas ações de caráter homofóbico estabelecidas pelo atual Presidente da República e demais órgãos do governo no Brasil ligadas diretamente ao cinema do Brasil. Em agosto, havia sido suspenso pelo ministro da Cidadania Osmar Terra, um edital da Agência Nacional do Cinema (Ancine), para a produção de séries LGBTQ+.
Para lutar contra um preconceito e ter um sucesso crescente, é preciso falar sobre ele. Há alguns anos o cenário audiovisual abriu mais as portas para abordar a temática LGBTQ+ nas produções, mesmo tendo sofrido uma breve censura do governo. Porém, ainda assim, rótulos são colocados e retratações negativas e estereótipos ainda são presentes.
“Eu acho que hoje em dia a gente tem bastante conteúdo LGBTQ+ sim. E acho essa representatividade de extrema importância. Mas acho que realmente falta tratar esse conteúdo com naturalidade. Já dei uma entrevista falando que meu sonho é um dia poder apresentar uma série sem rotular como um ‘produto LGBTQ+’, e sim, poder falar que é apenas um romance, um terror ou um suspense… O que falta é exatamente isso”, reforça Priscilla Pugliese.
A internet possui um grande número de pessoas que disseminam diariamente discursos e manifestações de ódio e preconceito contra pessoas da comunidade LGBTQ+. Mas, apesar disso, muitas pessoas também começaram a mudar seus pensamentos e as séries, webséries, filmes e novelas contribuíram para isso. Com a Priscilla não foi diferente. A atriz conta que, por exemplo, muitas mães a acompanham hoje, entenderam que toda forma de amor é válida e que todos tem o direito que serem quem quiserem ser.
“Uma das coisas que acontecem que eu acho muito legal é quando alguns pais veem falar comigo ou com minha assessoria que achavam que esse mundo ‘LGBTQ+’ era como se fosse uma ‘safadeza’. Tenho grupos de fãs que algumas mães estão. Elas costumam vir me contar que, por meio da minha arte e das séries, elas conheceram melhor os filhos, pararam de julgar e começaram a ouvir mais. O meu diálogo a favor da normalidade é com a arte”, finaliza Priscilla Pugliese.