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Entrevista | Di Ferrero fala sobre lançamento do seu primeiro álbum solo “Uma Bad, Uma Farra”

Entrevista | Di Ferrero fala sobre lançamento do seu primeiro álbum solo “Uma Bad, Uma Farra”
Di Ferrero – Foto: Bruno Trindade

Por: Davi Amorim e Michel Castilhos

Di Ferrero lançou o seu primeiro álbum solo na última semana, chamado “:( Uma Bad, Uma Farra :)”. O projeto foi concebido na capital catarinense, em parceria com o premiado time de produtores Los Brasileros.

O resultado é uma coleção de 12 canções nas quais ele faz as pazes com o passado, revela seus interesses no presente e indica que pavimentará um futuro brilhante.

O POP Mais conversou com Di, que falou sobre a construção do projeto.

Por que “Uma Bad, Uma Farra”?

Porque é exatamente esse ciclo que, acho que eu e quem mais se identificar. Essa montanha russa que a gente vive, ainda mais nesse momento pós apocalíptico aí que a gente tá, né? Depois de tantas coisas do mundo que passou, planos que a gente mudaram, e agora a gente tá em outra fase. O álbum foi feito todo de um ano para cá, e durante essas ‘bads’ e essa farra que eu fiquei fazendo, e eu tentei colocar tudo isso nas músicas e nas letras. Por isso esse nome, e por isso esse caminho.

Di Ferrero - Foto:  MArcos Mello
Di Ferrero – Foto: MArcos Mello

Antes de ter convidados para o álbum, chegou a pensar em ser um álbum 100% Di? No caso sem feats.?

Ah, na verdade foi muito natural. Eu gosto muito de fazer, de misturar, de encontrar as pessoas na minha fase solo. Eu fiz muitos feats e tals. No caso do álbum, eu queria sim chamar algumas pessoas, como Badaui do CPM 22, que é um cara que sempre me deu uma força, tipo um medalhão. É um cara que eu considero grande mentor, amigo. Então eu já tava com isso na cabeça, mas por exemplo, a Clarissa, ela veio depois que eu achei que ela combinaria na música “Descansa”, que é uma conversa entre duas pessoas, tipo cidades diferentes, ela carioca, eu lá de São Paulo, então eu achei e fui montando esse quebra cabeça, e o Vitor Kley é meu irmão. Eu fui morar em Floripa [Florianópolis] e o álbum foi todo feito lá, e ele mora perto de Floripa, e eu falei “vem aqui em casa”, ele foi e levou os pais e tals, e a gente começou a ouvir umas músicas pra eles, e aí eu mostrei uma outra música, e eu falei “eu queria que você participasse dessa, se chama “Sorte”. E ele “eu gosto dessa, mas eu prefiro essa. Então ele mesmo mudou, e as coisas vão acontecendo muito natural né? O Júnior Lima que é um amigão meu, de longa data, e eu amo ele como instrumentista, ele é produtor, e toca muito, e ele tocando bateria assim na música, elevou o nível do som também, então foi tudo depois que as músicas tavam prontas, fui fazendo e chamando as pessoas, sabe?

O projeto conta com participações especiais de Vitor Kley, Júnior Lima e Badaui. Como aconteceu os convites?

Como eu disse, são amigos né? É tipo como você chama um amigo pra tomar umas. Foi literalmente isso. O Vitor eu chamei pra casa, ele ouviu a música e curtiu, a Clarissa eu mandei a música também, e ela falou “na hora!”, ela já curtiu e respondeu. O Badaui ele pirou no som também. Primeira coisa a pessoa tem que curtir né? Eu imaginei que faria sentido chamar as pessoas pra cada música né? Do Badaui mais rock in roll, mais a cara dele, a do Vitor é mais solar, “menino sol” né? A Clarissa ela tem uma parada mais timbista, mais sensual, o Júnior Lima é mais viceral, a batera que se destaca na música, então ele enfiou a mão. Cada um foi uma parada, mas todos tiveram a liberdade assim, de falar “eu quero, não quero”. Ainda bem que todos falaram “vou na hora”.

Qual foi a música do EP que você mais demorou para gravar?

Todas saíram de um ano para cá. Teve umas que eu mudei inteira, e teve umas que eu demorei, e outras saíram em dez minutos. Por exemplo, “Descansa” saiu no trânsito. Então eu tava uma hora no trânsito ali, São Paulo, e ela veio toda no gravador, com a letra já. Trânsito caótico e eu fazendo a música ali na hora. Mas teve por exemplo um brinde, que é a música com Badaui, que é a terceira do álbum, demorou um pouco pra eu achar algumas letras, algumas coisas e ele mesmo também me ajudou a escrever e mudar. E a “Twitt3r” ali eu comecei a fazer no Twitter. Eu coloquei uma frase ali falando “Já cansei de apagar o fogo”. E aí a galera começou a falar, retwetar lá, outras frases, e aí eu falei “pô, daí surgiu uma música” que eu apelidei de “Twitt3r”, mas aí não achei outro nome pra ela. Sabe quando o apelido já vira o seu nome, então não vou trocar mais!? Então foi isso, todas foi um momento, nada mais de um ano assim. Algumas saíram rápidas, outras eu ficava refazendo, revisando.

Tem uma faixa titulada como “Twitt3r”. Sabemos que você é um artista super ativo nas redes sociais. Twitter recebeu essa homenagem por ser sua rede social preferida?

Pra ser sincero, o Twitter é um lugar que me dá muita frustração. Não digo que é uma homenagem, e nem uma crítica. Eu acho que cada rede social tem uma função. O Twitter você vê que as pessoas vomitam coisas ali que, brigas e coisas mais pesadas. Crônicas e opiniões. O Instagram é uma vida de fantasia, todo mundo tá tão feliz que nossa, meu Deus. Tá na farra. O Facebook todo mundo tá na bad também! Então tipo, não foi uma homenagem, foi só mesmo uma situação que eu comecei a escreve por ali e apelidei ela, e deixei mesmo, achei mais genuíno. É mais real.

Tem alguma canção que você escreveu para seus fãs?

Olha, é muito louco, porque tenho uma relação com os fãs diferente. Eles sabem que eu amo eles, mas não pelas músicas, e sim pelas atitudes. Porque as músicas elas são de cotidiano, de coisas que eu vivo, de momento, né? Tipo, “Aonde é o Céu” eu tava conversando com um amigão meu, e a gente tava falando sobre cancelamento. E ele tava meio irredutível nessa parada de cancelamento e dar segunda chance pra alguém, essa coisa de supermoralismo. E aí eu falei “ah, já que você sabe tudo, então me fala aonde fica o céu, aonde é o céu”, aí eu falei “para a discussão” e comecei a escrever. Então não é pelos fãs, mas é pra eles ouvirem pra gente, pra eles se identificarem com isso. Mas ela saem de momento e situações. A minha relação com a galera é mais de “dar match”, nas ideias, no rolê e tudo mais.

Por ser seu primeiro álbum solo, você acredita que sua carreira solo está mais estabilizada e não mais sendo o “Di do NX”?

Eu acho que sim, que cada vez mais eu lançando músicas, ainda mais quando você lança um álbum, pra mim é algo muito grande, vai marcando uma era, marcando um momento. O álbum pra mim é um momento grande, são doze música de uma vez de um artista. O NX ele tá em mim aonde quer que eu vá, eu tenho essa noção, eu tenho esse respeito pela minha história, pela minha banda. Até porque eu que fiz as músicas do NX. Elas também, cada uma com um valor, tem muitos fãs que a maioria da galera me segue é pelo NX, outro já são pela minha carreira nova, solo. Outros são fãs, mas nunca foram a um show. Eu acho que tudo isso é uma coisa só, eu vejo isso sabe? Mad falando de mim esse álbum marca mesmo um “Qual é a do Di” né? “Qual que é a parada do Di?”, o que a galera vai esperar, que é uma volta pra casa, mas com tantas coisas novas que eu vivi quatro anos de carreira solo, e eu consegui misturar essas duas coisas no álbum.

Quais são suas expectativas para este lançamento?

Eu tô tentando não ter expectativas. Eu cansei de ter expectativas, mas é claro que tenho sonhos. Eu acho que pelo que eu tô sentindo né, a galera tá esperando esse álbum e muita gente que talvez tava ainda me associando a não querer me ouvir por momento que eu tive com o NX, tá entendendo agora que realmente é uma parada que eu tô feliz em fazer e é real e sincero. E independente do que aconteceu comigo, ou não, e o que vai acontecer, “eu vou fazer o que eu quero”, e eu espero que as pessoas sejam assim na vida delas, que não deixem de fazer as coisas por medo de criar uma expectativa gigante e deixar de tentar. Tem uma frase que diz “É melhor me arrebentar do que me arrepender”, tá escrito na música “Uma Bad, Uma Farra”. E eu tô vivendo muito assim. E as minhas expectativas são as maiores possíveis. Mas também se elas não forem do jeito que eu esperava, eu não ligo. Eu só vou continuar fazendo som. Porque independente do que acontecer, eu já vi que desde os meus seis, sete anos de idade, meu negócio é fazer show, meu negócio é sair daí com álbum, desde a época que eu cantava em igreja, depois com o NX. É fazer som, é tipo minha gasolina pra viver essa parada.