Televisão Opinião

Projeto do SBT esquece inovação com mix do que já existe no canal

Projeto do SBT esquece inovação com mix do que já existe no canal
Foto: Reprodução/SBT

O ‘SBT News na TV’ completou dois meses no ar na última sexta-feira (17) com questionamentos sobre o que era para ser um projeto de inovar o departamento jornalístico e a programação do canal em meio ao naufrágio vivenciado no canal 4 de São Paulo. O que deveria ser algo novo não passa de um mix do que já existe na programação.

Com mais de três horas no ar, o programa conta com reportagens, participações ao vivo ao estilo do policialesco ‘Primeiro Impacto’, reprise de programas do streaming do canal, como ‘Poder Expresso’, além da reapresentação de atrações de uma de suas filiais, no caso a do Rio de Janeiro, que possui programas locais ao longo da semana no jornalismo, esporte e entretenimento.

Ao usar o fato do dono da emissora não estar por perto para dar o aval de autorização para o projeto ir para o ar, o setor responsável pelo jornal esquece do que é posto em quase quatro horas ‘ao vivo’. E não é necessário ir longe para entender a dinâmica do antigo ‘SBT Notícias’, que reexibia reportagens ao longo da madrugada, considerando o fato de que ao passar das horas, o público vai variando, com pessoas que chegam e saem para trabalhar, ou quem atua ao longo da transição entre noite e manhã.

Com escala de apresentadores, o projeto que durou três anos mesmo formato, deu oportunidade aos repórteres que iam para a bancada de um produto de sucesso para o SBT. Com a dinâmica, o jornal conseguia monitorar mais de perto os acontecimentos de última hora na sua faixa de exibição, como o acidente da Chapecoense em novembro de 2017 e a queda de um prédio em São Paulo em maio do ano seguinte.

Canal precisa reforçar o conceito de jornalismo

Com a escalada de horas do jornalismo policial, vencendo da Record e sendo ameaçada pela Band, o SBT necessita de uma reformulação em seus produtos jornalísticos, com mais maestria entre suas filiadas e afiliadas. A exemplo da Globo e da Record, o jornalismo local possui amplo espaço. Para quem é parceria da emissora de Silvio Santos, não se tem espaço ao longo do dia, a exceção de embates esportivos.

As mudanças já começaram, como o novo ‘Fofocalizando’ a partir de segunda (20). Outras novidades foram anunciadas, sem dar pistas de onde venham essas alterações. Até então a prioridade era as grades de fim de semana e matinal em dias úteis, ocupadas pelo programa de Eduardo Camargo, Marcão do Povo e Darlisson Dutra. 

O atual ‘SBT News’ que foi além do ‘SBT Notícias’ com Dutra, que durou 45 dias, era um desejo do departamento de jornalismo do canal. Mas só esqueceram de dizer que a atração seria um repeteco do que já ocorreu na semana na área de entretenimento. Quatro horas no ar, há mudanças nas informações com notícias de última hora, e chega a ser compreensível a chamada repetição de assunto.

Apesar disso, não chega a ser motivo de reprisar até um programa de uma filial, ainda mais de entretenimento. Na semana, o jornalístico fica entre 1,7 e 2,1 pontos. Aos sábados e domingos, de 1,1 a 1,4 na Grande São Paulo. O considerado suficiente pra vencer quem coloca programação da Universal, no caso da Record. Até a Band vem sendo motivo de o canal da Barra Funda mudar isso para não perder para a concorrente do Morumbi.

Considerando todos os telejornais das quatro principais emissoras, o SBT saiu de quarto para segundo lugar em duração geral de seus noticiários, de 45 minutos do ‘SBT Brasil’ para 4 horas e 45 minutos, atrás da Band com 5 horas e meia e a Globo com 6 horas. A Record aparece com 2 horas e 51 minutos, relevando o ‘Fala Brasil’, ‘Jornal da Record’ e os boletins ‘JR 24h’.

O tempo dos noticiários diz muito da prioridade das emissoras para o jornalismo, ao desejo do público e atendendo as demandas do mercado publicitário. Não é tudo, mas um canal que não dá importância a isso, amplia seu espaço para a desinformação em meio a tempos em que estar atualizado das notícias nunca foi tão necessário.

Fica válida a tentativa do SBT de emplacar esse novo produto, mas a forma de como é desenvolvida também conta muito, como seu conteúdo, formato e linha editorial. 

Esta reportagem não visa diminuir a honra e dignidade de terceiros ou quaisquer que tenham sido mencionados no texto, e sim emitir um ponto de vista dos assuntos relacionados a televisão e envolvidos nela.