A banda carioca Aquino e a Orquestra Invisível estreou hoje (9) o álbum “Os Prédios Cinzas e Brancos da Av. Maracanã”. No disco, os integrantes João Soto (vocais, baixo e teclado), João Vazquez (vocais e guitarra) e Leandro Bessa (vocais e bateria), todos moradores da Zona Norte da capital fluminense, exploram esse universo de forma lúdia, dando cor através da música à paisagem de concreto no seio da cidade do Rio de Janeiro.
O conceito do disco se estende ainda na informação de que um apartamento em específico foi usado para a composição da maioria das músicas: o “302” – que também dá nome ao primeiro single do trio. As letras tratam de temas comuns e palatáveis a todos, com fácil potencial de ressignificação, transpondo a pessoalidade do compositor e se adaptando à qualquer indivíduo.
A banda conversou com o POP Mais sobre o projeto, e falaram sobre todo o conceito e como foi produzir tudo isso em meio à uma pandemia.
Nos conte um pouco sobre como a história da banda começou!
A banda começou quando o Soto conheceu o Vavá na escola. A partir daí nós começamos a desenvolver nossas composições. Em 2019, através de uma amiga da faculdade, fomos apresentados ao Leandro e partimos pro estúdio pra gravar as músicas que viriam a compor nosso disco de estreia.
Qual é o significado do nome “Aquino e a Orquestra Invisível”?
O “Aquino e a Orquestra Invisível” surgiu nessas mesmas gravações, justamente quando percebemos o caminho sonoro que estávamos indo. Antes de optar por esse nome enorme, éramos só “Aquino”, em homenagem ao Ângelo de Aquino, um artista plástico que o Soto tem um poster no quarto. Mas parecia que faltava alguma coisa, não estava soando certo pra gente. Ai, nas gravações com orquestra que a gente fez pro disco, surgiu uma piada: “só vai ser possível fazer isso ao vivo com uma orquestra invisível”. A gente gostou e o nome ficou.
Vocês acabam de lançar o disco de estreia “Os Prédios Cinzas e Brancos da Av. Maracanã”. Qual a principal inspiração do álbum e a origem do título?
O título do álbum surgiu quando o vavá voltava pra casa depois da escola e, como um bom virginiano (sempre fazendo várias listas), fez uma playlist com músicas que eram referência pro álbum. A inspiração pro disco vem de morarmos (vavá e soto) em ruas que cortam a Avenida Maracanã e escrever muito sobre essa monotonia e mesmice dos dias entre os prédios tão grandes e iguais.
O disco apresenta uma miscelânea de gêneros musicais, que transita entre o indie, axé, MPB e o experimental. Como vocês poderiam definir o estilo de vocês? Quais são as principais referências e inspirações musicais?
A questão do estilo musical é sempre um ponto de referência pra gente, nunca algo estático e definido. Basicamente desenvolvemos as músicas de acordo com o que ouvimos no momento, então tentamos respeitar cada “mood”, cada sensação e sentimento correspondente à faixa, deixando o mais natural possível o processo de arranjo, instrumentação etc. Podemos dizer que somos uma banda de MPB-Indie-Pop-Samba-Axé-Rock. Porém, pra esse trabalho temos Lô Borges, Mac Demarco, Rita Lee, One Direction e Felakuti como as principais fontes de ideias e concepções que envolvem o álbum.
O álbum foi produzido, mixado e masterizado por Sidney Sohn Jr, que já trabalhou com grandes nomes da música como Pepeu Gomes, Zeca Pagodinho, Milton Nascimento, entre outros. Como foi a experiência desse processo criativo?
Muito bom e muito longo. O Sidão é o pai do Soto e meio que virou pai de todo mundo nesse processo. Ele está ligado no projeto desde o início, sempre dando apoio e ensinando muito pra gente as partes mais teóricas de ser músico. Como a bagagem dele é gigante, ele conseguiu se adaptar bem ao nosso estilo musical e sempre teve muito carinho com as faixas.
Com a pandemia do coronavírus, vocês passaram a viver a maior parte do tempo em um apartamento, o “302”, que, inclusive, dá nome ao primeiro single da banda. E foi a partir desse lugar que surgiram a maior parte das reflexões e ideias presentes no disco. Qual reação vocês esperam provocar no público com as músicas?
É muito doido pensar nisso, né? Que uma pessoa se identifica com alguma coisa que você escreveu no seu quarto, meio que como forma de buscar algum alívio. Acho que se as pessoas sentirem esse mesmo sentimento que a gente teve compondo a gente já ganha nosso dia. Cada música pode significar mil coisas e isso é lindo, não tem resposta certa. As músicas não são mais nossas, elas são das pessoas.
Recentemente, vocês participaram do Autoral Rio Festival 2021, evento online focado na divulgação de novos artistas do RJ. Como foi essa experiência?
Foi incrível! Como ainda não tivemos a oportunidade de fazer qualquer show com esse projeto por conta da pandemia, as lives foram a única chance de mostrar o disco ao vivo para as pessoas. O Autoral Rio Festival foi sensacional por proporcionar uma chance de apresentarmos todas as músicas lançadas antes do álbum, de uma forma que não conseguiríamos até que a pandemia acabe. E a resposta das pessoas foi muito animadora! Juntamos uma galera na live e foi uma experiência única!
Quais serão os próximos passos da banda após o lançamento do disco?
Vamos lançar um material audiovisual sobre todo o processo de criação do disco e finalmente botar a site e lojinha pra jogo, além ja dar início a pré produção de novas músicas e nesse ano lançá-las.