Nick Souza quer romper fronteiras com pop bilíngue e funk global: “Não são muitos que entendem o que faço”
Entrevistas

Nick Souza quer romper fronteiras com pop bilíngue e funk global: “Não são muitos que entendem o que faço”

Nick Souza
Foto: Poliana Duarte

Radicado no Canadá, mas com raízes brasileiras pulsando forte em sua música, Nick Souza inicia um novo capítulo na carreira com o single “Posso Fingir”, uma faixa que simboliza muito mais do que uma nova sonoridade: é um marco de validação artística e pessoal. Com participação de MC Binn — um dos nomes que levaram o funk da quebrada para o mundo —, a canção representa para Nick uma confirmação de que sua fusão entre pop, R&B e ritmos brasileiros está no caminho certo. “Foi uma grande vitória, tanto para o Nick de hoje quanto para o de 14 anos que sonhava com esse momento”, conta.

Em entrevista ao Portal Pop Mais, o cantor, compositor e produtor falou sobre o processo orgânico da gravação do clipe no mesmo dia da faixa, o papel dos artistas na internacionalização do funk e seus planos futuros, que incluem colaborações com nomes internacionais como o DJ holandês Jhonny 500. Com vivência acadêmica sólida, uma abordagem criativa sinestésica e um desejo genuíno de levar seu som aos palcos e festivais brasileiros, Nick mostra que está pronto para conquistar tanto quem dança nos bailes quanto quem busca profundidade na música.

The Music Journal Brazil – “Posso Fingir” marca uma nova fase da sua carreira. O que essa música representa pra você pessoalmente e artisticamente?

Pessoalmente é uma grande vitória. Faço muitas músicas com essa proposta multicultural, brasileira/gringa, mas o jeito que faço é muito novo. Não são muitos que valorizam ou entendem. Mas aí chega o MC Binn, que foi um dos primeiros a furar a bolha do Baile Funk e lançar hit na gringa, e diz: “Não conheço esse moleque, mas acredito nele e vou dar essa moral”. Isso é um sinal de que estou no caminho certo. Artisticamente foi uma credibilidade bem pesada. A indústria sempre pede que alguém com peso te abrace para que você possa alcançar o próximo degrau. E essa faixa foi exatamente sobre isso.

Como foi o processo de gravação do clipe com MC Binn no mesmo dia da faixa? Isso é algo comum nas suas criações?

Foi bem natural e orgânico, mas para mim não é comum. Mas como era um momento com muita sinergia e uma virada de chave para minha credibilidade como artista, era assim que eu desejava fazer. Para registrar o momento. 

O funk brasileiro está em alta no exterior. Como você vê o papel dos artistas nesse processo de internacionalização?

Acho que os artistas têm apenas um dever: serem autênticos a eles mesmos. Quem eles são, o que representam e sempre buscar a melhoria e o crescimento não só na carreira, mas como indivíduos também. Foi assim que o movimento do funk chegou ao lugar que está hoje, e é assim que ele vai continuar a crescer.

O que o público pode esperar dos seus próximos lançamentos? Alguma colaboração internacional vindo por aí?

Com essa pluralidade cultural que eu tenho, quase toda colaboração acaba sendo internacional [risos]. Seja um trampo com os meus parceiros canadenses – que em grande parte são descendentes ou de países latinos ou caribenhos – ou um artista que passa pelo Brasil ou pelo Canadá vivenciando o trabalho deles e a gente se tromba. Mas eu conheci um DJ holandês chamado Jhonny 500 aqui em São Paulo e estamos trabalhando em uma faixa do EP dele que vai servir como lembrete da viagem dele aqui pro Brasil.

Se tivesse que escolher um artista brasileiro e um canadense pra formar uma “dream collaboration”, quem seriam?

Um só de cada país é muito difícil [risos]. No Canadá temos Justin Bieber, The Weeknd, Drake, Partynextdoor e vários outros. Aqui no Brasil temos Kevin o Chris, Livinho, Anitta, Ludmilla… A lista dos dois países é infinita. Seria muito louco, mas acho que para o Nick, como produtor/compositor, seria com Partynextdoor e Kevin o Chris. Mas o Nick, como artista, teria que ser com o Drake e Anitta.

Como é o seu processo criativo — você começa pela letra, pelo beat, por uma imagem?

Começo quase sempre por uma progressão de harmonia que provoca uma sinestesia na minha cabeça. Às vezes eu vejo uma imagem de alguém ou cores. Quando sinto isso, as letras já começam a sair. Isso é quando estou sozinho fazendo música. Se é com outra pessoa, o começo pode ser ou com um beat que elas tenham ou com uma letra que elas criaram. Mas eu sempre estou em busca de sonoridades que fazem minha mente viajar para outro lugar.

Qual o peso da sua vivência acadêmica na sua prática musical diária hoje?

Pesa muito em cada escolha que faço em composição, produção, mixagem e masterização. Sempre gosto de misturar um som sujo com a sofisticação do meu conhecimento acadêmico. 

Já pensou em lançar um álbum conceitual, talvez sobre essa dualidade cultural que vive?

Sempre penso nisso, mas acho que ainda tenho bastante a amadurecer como pessoa e artista antes de fazer um trabalho conceitual de verdade mesmo. Acho que, nesse momento, eu estou emu ma fase de aprofundamento, de aventura. O que também, queira ou não, é um conceito. Mas acho que através dessa aventura vou chegar a um lugar que possa olhar bem profundamente pra minha dualidade e fazer algo massa como o ‘Debi Tirar Mas Fotos’, mais recente album do Bad Bunny.

Você pretende participar de festivais brasileiros ou já tem convite para algum evento por aqui?

Com certeza, eu preciso fazer isso. Se não fizer, significa que não estou fazendo o meu dever como artista. Eu sou DJ, saxofonista também. Tenho várias formas de conectar com uma audiência, e vai começar a fluir. Não vejo a hora de apresentar meu trabalho de artista ao vivo aqui no Brasil, tocar em bailes e apoiar meus outros amigos artistas aqui no Brasil com o meu saxofone.

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