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Rashid e Dada Yute lançam clipe de “Todo Dia”

“Tem noção que a cada 23 minutos,

Uma mãe preta fica de luto?”

Com esta e outras indagações, Rashid convida Dada Yute para dividir o canto em “Todo Dia”, um reggae autêntico que mostra outra faceta do rapper e a influência direta da música jamaicana em seu estilo. Ao lado de Dada, uma das vozes mais importantes do gênero no país, Rashid recupera a mensagem de liberdade e justiça professada pela cultura Rastafari, endossando a máxima de que Vidas Negras Importam.

“Todo Dia”, presente na primeira temporada do sétimo trabalho solo de Rashid, Tão Real, é uma canção para hastear as bandeiras da cultura negra, das raízes musicais à estética, mas sobretudo do constante binômio: luto e luta. A fragilidade do corpo negro e a violência do estado, ainda que temas difíceis, ganham outras nuances na composição do rapper e Dada, e na produção musical assinada por Skeeter, que propõe um paralelo entre o resgate das tradições jamaicanas e a modernidade das batidas de rua atuais. Na dinâmica refrão-verso-refrão, o rap e o reggae se esbarram demonstrando entrosamento e semelhanças, como a afinidade com a cultura de soundsystems e seletores, essencial para  o surgimento do Hip-Hop.

No videoclipe, a união dos estilos é descrita como legítima e natural por Ras Sérgio Tafari, profundo conhecedor e lendária figura de resistência Rastafari no Brasil. Já nas cenas iniciais, ele declara que os gêneros se conectam através de elos universais, como a rítmica ancestral dos tambores afro, base e origem da música negra contemporânea em toda sua diversidade. Ainda que surgidos em locais e tempos distintos, como membros de uma mesma família, o rap e o reggae compartilham traços de genética própria, neste caso, marcada pelo instinto e pulsão de coragem no enfrentamento à Babilônia.

Assista:

A faixa dá origem à campanha #LutoTodoDia, que vai buscar reunir histórias reais dos que  fizeram do “luto” um verbo. No clipe, cenas das manifestações do grupo Mães de Maio ilustram a batalha coletiva daquelas que choram os filhos mortos exterminados pelo racismo mas que não se deixam vencer. A campanha poderá ser acompanhada nas redes sociais do rapper.

As vozes da quebrada, ainda que em dor, não se calam. Em uníssono, erguem uma força capaz de edificar o presente e transformar o futuro, aproximando povos e línguas, tal qual a música, universal em seus sotaques, do Brasil à Jamaica, a cantar as mesmas lutas.